PPS começa a recolher assinaturas na Câmara dos Deputados para a criação da CPI da Rosemary

Pedra no sapato – O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), e o líder do partido na Câmara, Rubens Bueno (PR), começaram a recolher na terça-feira (4) assinaturas para a instalação da CPI da Rosemary na Casa. A decisão do partido foi tomada diante da blindagem do governo para impedir que os indiciados da operação Porto Seguro prestem depoimento no Congresso. Na avaliação da legenda, as investigações em torno da quadrilha, que tem como uma das figuras centrais a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha, não podem ficar restritas ao inquérito da Polícia Federal.

“Não é de hoje que essa senhora vinha agindo no governo. Ela trabalhou anos com José Dirceu e estava desde 2003, desde o primeiro dia do governo do PT, na Presidência da República. E, até agora, o que vemos é que ela está sendo blindada aqui no Congresso e também nas investigações em andamento. Nos estranha o motivo de Rosemary não ter sido alvo de interceptações telefônicas e de quebras de sigilo”, afirmou Rubens Bueno, que participou nesta terça-feira de audiência na Câmara com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e com delegados da Polícia Federal responsáveis pelo caso.

Já o presidente do partido, Roberto Freire, afirma que é obrigação do Legislativo investigar o caso de corrupção que atinge o coração da Presidência da República e envolve uma secretária muito próxima do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Defender a abertura de uma CPI é afirmar a função do Poder Legislativo, que não pode se omitir diante de um fato de extrema gravidade como esse. É papel da oposição exigir uma investigação no Parlamento num momento em que a democracia e seu poderes, como é o caso do Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão, dão sinais de afirmação, de que não compactuam com a corrupção e com a impunidade”, afirmou.

Para Freire, apesar do risco de empastelamento, como está ocorrendo com a CPI do Cachoeira, o Legislativo não pode abrir mão de sua prerrogativa. “Até porque, pelo que estamos percebendo até agora, há muita coisa incompleta, ou mesmo omissões, com relação a operação Porto Seguro”, disse Freire.

Reforçando essa tese, o líder do PPS argumenta que uma CPI, pela agilidade que tem em quebrar sigilos, poderia até mesmo auxiliar o trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público. “Vamos iniciar a coleta de assinaturas que servirá ao menos para mostrar quem tem e quem não tem interesse em blindar Rosemary. O nosso papel iremos fazer”, afirmou o deputado.

Na ementa do pedido de CPI, o partido argumentará que a atuação criminosa de Rosemary, agora revelada pela operação da Polícia Federal, colocou em risco, desde 2003, a segurança da instituição Presidência da República. Na avaliação do partido, as informações privilegiadas que teriam sido repassadas por Rosemary a terceiros quebrariam o sigilo estabelecido nos termos da legislação brasileira para garantia da segurança da sociedade e do Estado.

Audiência

Na terça-feira, durante audiência na Câmara, o ministro da Justiça e os delegados responsáveis pelo caso informaram que não havia necessidade de se monitorar Rosemary e nem foi necessário quebrar seus sigilos. Segundo Cardoso, “a decisão de não grampear Rosemary foi técnica”.