Marcando em cima – O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) apresentou, nesta terça-feira (11), voto em separado ao parecer da CPI do Cachoeira. Em seu relatório, o parlamentar gaúcho destacou a enorme evolução de faturamento da Delta Construção durante o governo petista e sua relação com dezenas de empresas laranjas. “A CPMI fez vista grossa a esse escândalo. Recursos públicos estão sendo saqueados por uma organização criminosa que essa CPMI se negou a investigar”, ressaltou o deputado.
Segundo Lorenzoni, em 2008, a empreiteira recebeu dos cofres públicos quase o dobro do faturado pelas cinco maiores construtoras do País, como OAS e Queiroz Galvão. Nesse mesmo ano, reforça o democrata, quando houve grande crescimento da inserção da Delta nos contratos federais, o ex-ministro José Dirceu atuou como consultor da empresa.
O parlamentar também mencionou a efetivação de 190 aditivos em contratos da Delta de 1996 até 2012. No período, foram 361 contratos firmados. Em um dos casos, obra em rodovia do Maranhão recebeu aditivo de 222%, em 2009. No mesmo ano, em contrato de rodovia paraense, a empresa recebeu adicional de 108%. Para Lorenzoni, esses dados espelham a ação de uma quadrilha infiltrada no governo para desviar dinheiro público.
Onyx Lorenzoni, mais uma vez, protestou e incluiu em seu voto a ruptura na investigação de empresas de fachada que receberam recursos da Delta. “A Delta lavou R$ 540 milhões e a CPI lavou as mãos”, afirmou o deputado. Nesse universo, 14 empresas não tiveram seus sigilos quebrados. Uma delas, citou o parlamentar, a Mamute nem funciona no endereço registrado. No local, há uma empresa de componentes hidráulicos. A empresa recebeu R$ 33,7 milhões da Delta, 77% transferidos em 2010, ano eleitoral, como enfatiza o democrata. “Fatalmente, as quebras de sigilo dessas empresas chegariam ao núcleo do Ministério dos Transportes e, provavelmente, ao governo do Rio de Janeiro”, disse.
Em novembro, Onyx e demais parlamentares independentes da CPMI do Cachoeira apresentaram uma representação no Ministério Publico Federal com dados e sugestões de pedidos de investigação para que o órgão possa aprofundar a apuração paralisada na comissão. No documento, os parlamentares pedem a investigação dos governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; do Tocantins, Siqueira Campos e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Também sugere o indiciamento de Fernando Cavendish, dono da Delta. Além de Lorenzoni, são do grupo independente o deputado Rubens Bueno (PPS), e os senadores Pedro Taques (PDT), Randolfe Rodrigues (PSOL) e Pedro Simon (PMDB).