No primeiro discurso como prefeito, Haddad passa o chapéu e coloca armadilhas no caminho de Alckmin

Todo cuidado é pouco – Quando ainda era um desconhecido dos eleitores paulistanos e amargava míseros 3% de intenção de voto, o petista Fernando Haddad foi apresentado como a via da renovação pelo velhaco contumaz Luiz Inácio da Silva. Acreditou em mais uma balela de Lula aqueles que são constantemente abduzidos pelas promessas ufanistas de um partido que se especializou em atos de corrupção, apesar de ter chegado ao poder central no vácuo do discurso da ética e da moralidade.

Em seu primeiro discurso como prefeito empossado da maior e mais rica cidade brasileira, Haddad não fugiu à regra partidária e engrossou a lista dos que rasgaram o discurso pretérito e passaram a acenar para a iniciativa privada. Ciente de que administrar a cidade de São Paulo com um orçamento que é quase todo consumido pelo custeio da máquina municipal, Fernando Haddad já começou a passar o chapéu. Falou em colaboração da população, em que cada um dá o que pode, e de parcerias público-privadas, assunto que durante anos foi alvo das ácidas críticas do PT.

Haddad também destacou em seu discurso que não dispensará as parcerias com os governos paulista e federal, lembrando ao governador Geraldo Alckmin, presente à cerimônia, da promessa de não negar a São Paulo um centavo sequer que a cidade tenha direito. Isso não significa que o novo prefeito comece a pedir ao Palácio dos Bandeirantes algo além do que a cidade tem direito.

Esse trecho do discurso é a primeira armadilha que Haddad, controlado à distância pelo abusado Lula, coloca sorrateiramente no caminho que levará à disputa pelo governo de São Paulo. Longe de ser novato na política e com experiência no Executivo, o que lhe permite saber ao que cada município faz jus, Alckmin é capaz de identificar as minas terrestres que serão despejadas em sua tentativa de reeleição. De agora em diante, Geraldo Alckmin terá de reforçar o muro de arrimo na Assembleia Legislativa e manter a porta entreaberta, não escancarada, para Fernando Haddad.