(*) Oscar Andrades –
São crescentes as acusações contra atuais e antigas autoridades do governo relacionadas ao contrabando das jazidas brasileiras, como o nióbio. Os prejuízos ao Brasil – que teriam seu marco em 1974 – chegam a US$ 20 bilhões anuais, dinheiro suficiente para financiar quase todos os projetos sociais. Em 1997, através das Forças Armadas, houve um bloqueio do contrabando, porém o subfaturamento tanto nas quantidades, como nos valores que a exportação movimenta, não paralisaram. Continuam até hoje.
Durante a CPI dos Correios, o “mensaleiro” Marcos Valério denunciou o fato e acusou o ex-ministro José Dirceu de estar negociando com bancos internacionais uma mina de nióbio na Amazônia, onde se localizam as maiores jazidas (São Gabriel da Cachoeira e Raposa-Serra do Sol), onde transitam livremente ONG’s internacionais e mineradoras estrangeiras. Consta que a reserva em área amazônica é conhecida desde 1980. Mas, sem explicações plausíveis, o governo Federal nunca explorou oficialmente, deixando o contrabando fluir livremente, num acordo que envolveria a presidência da República e os países consumidores, “legalizando” o roubo de expressivas divisas. Fontes ligadas à área de mineração indicam que o nióbio é negociado em Londres (país que não produz nem um quilo do produto) e entregue a países como a China e também para o Irã, a preços vis, ou seja, como intermediário, Londres consegue lucros astronômicos em detrimento dos cofres nacionais.
O escândalo começa a tomar proporções exatamente no momento em que parece se confirmar o afastamento total da Venezuela (Hugo Chávez estaria em estado terminal) do apoio logístico ao Brasil nas operações ilegais, feitas pela fronteira brasileira ( Roraima). Por questões diplomáticas, que poderiam levar até mesmo ao rompimento das relações com o governo de Caracas, o assunto é tratado com absoluta cautela. Entretanto, nas redes sociais, vêm sendo dada grande ênfase ao assunto e os meios políticos se agitam. Consideram estranhíssimo o fato de o ex-presidente Lula ter gravado mensagem de apoio à reeleição de Hugo Chávez (“Chávez, a tua vitória será a nossa vitória”). A analogia desta esdrúxula aliança entre Caracas/Brasília seria parte do plano de manutenção do poder dos dois dirigentes prevalecendo os interesses individuais, corporativos e das cúpulas partidárias. Para parte da classe política, na esteira de tais fatos, estaria o esquema de impedir o nascimento de qualquer liderança comprometida com os interesses nacionais que possa ameaçar o seu projeto de manutenção do comando do País.
Utilização do nióbio
O nióbio apresenta numerosas aplicações. É usado em alguns aços inoxidáveis e em outras ligas de metais não ferrosos. Estas ligas devido à resistência são geralmente usadas para a fabricação de tubos transportadores de água e petróleo a longas distâncias. Usado em indústrias nucleares devido a sua baixa captura de nêutrons termais. Usado em soldas elétricas. Devido à sua coloração é utilizado, geralmente, na forma de liga metálica, para a produção de joias como, por exemplo, os piercings. Quantidades apreciáveis de nióbio são utilizadas em superligas para fabricação de componentes de motores de jato, subconjuntos de foguetes, ou seja, equipamentos que necessitem altas resistências a combustão.
Pesquisas avançadas com este metal foram utilizadas no programa Gemini. O nióbio está sendo avaliado como uma alternativa ao tântalo para a utilização em capacitores. O nióbio se converte num supercondutor quando reduzido a temperaturas criogênicas. Na pressão atmosférica (e quando puro, tem a mais alta temperatura crítica entre os elementos supercondutores de tipo I, 9.3 K. Além disso, é um elemento presente em ligas de supercondutores que são do tipo II (como o vanádio e o tecnécio), significando que atinge a temperatura crítica a temperaturas bem mais altas que os supercondutores de tipo I (30K, por exemplo).
(*) Oscar Andrades é jornalista e editor do blog “Saúde e Previdência“.