Jogo de cena – A mentira que o núcleo duro do governo venezuelano vem sustentando nas últimas horas para sufocar as notícias de que Hugo Chávez, que não resistiu à septicemia, estaria morto, chega a ser uma homenagem à mitomania. Nem mesmo no dia 1º de Abril, Dia da Mentira, tantas inverdades seriam contadas como acontece em Havana.
Depois da falsa informação postada no Twitter pelo genro de Chávez, de que o caudilho passara o dia anterior “tranquilo e estável”, agora é a vez do vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que está em Cuba, partir para as invencionices que servem para dar tempo à lapidação da notícia da morte do líder da Revolução Bolivariana.
Maduro disse, na terça-feira (1), que Hugo Chávez apertou sua mão com “uma força gigantesca” durante conversa. “Em um das saudações, o cumprimentei com a mão esquerda, e ele apertou a minha com uma força gigantesca enquanto falávamos”, comentou Maduro durante uma entrevista exclusiva ao canal interestatal Telesur.
“Temos a confiança e a fé em Deus e nos médicos de que nosso comandante Hugo Chávez seguirá evoluindo e que mais cedo do que tarde ele sairá desta situação complexa e delicada”, afirmou Nicolás Maduro ao final da entrevista, quando aproveitou para pedir aos venezuelanos que não acreditem em rumores e mentiras.
Como informamos em matérias anteriores, Hugo Chávez foi acometido por septicemia, decorrente de uma infecção pulmonar, à qual não teria resistido. Já o diário espanhol ABC, cuja informação foi publicada pelo ucho.info, afirma que Chávez está em coma induzido e que os equipamentos que o mantêm vivo devem ser desligados a qualquer momento.
O serviço secreto da Colômbia há dias deixou vazar a informação de que era grave o estado de saúde de Chávez e que a infecção nos pulmões evoluiu para o quadro de septicemia, infecção generalizada que se espalha rapidamente pelo organismo, atingindo todos os órgãos e levando o paciente à morte em questão de pouco tempo.
As informações que começam a surgir de forma cadenciada para indicar a piora de Hugo Chávez é resultado da decisão de o governo de Caracas encontrar o momento adequado para anunciar a morte do tiranete que foi reeleito e deveria ser empossado no novo mandato no próximo dia 10 de janeiro.
Enquanto tais notícias são disparadas a conta-gotas, integrantes do governo dão informações contraditórias, como a de Madura e outra que destacou o fato de Hugo Chávez ter comemorado no primeiro dia do ano o 54º aniversário da Revolução Cubana, conforme nota divulgada pela chancelaria.
Para reverter essa onda de mentiras disparada a partir da capital cubana, só mesmo Deus processando um milagre. Do contrário, o melhor a se fazer é aguardar o anúncio da morte de Chávez.
Gravidade do caso
De acordo com o oncologista Thierry Jahan, da Universidade da Califórnia, em São Francisco (EUA), após procedimentos cirúrgicos, como o que enfrentou Hugo Chávez, é grande a possibilidade de infecções evoluírem para um quadro de septicemia (infecção generalizada que pode causar a morte), assim como o surgimento de coágulos, hemorragia gastrointestinal e elevação do aumento de açúcar no sangue, o que provoca diabetes. Jahan destacou que o combate às infecções se dá por meio do uso excessivo de antiinflamatórios esteroides, o que leva ao enfraquecimento muscular.
O sarcoma é um tipo de câncer que atinge células da mesoderme, podendo se desenvolver nos ossos, cartilagens, gordura, músculos, vasos sanguíneos ou tecidos moles. A palavra sarcoma é de origem grega e significa “crescimento carnoso”. Os sarcomas são considerados pelos médicos como os que mais produzem metástase e, por consequência, os mais perigosos e difíceis de serem tratados.
Pacientes com sarcoma geralmente não se sentem doentes e podem ter pouca ou nenhuma dor. De tal modo, não consideram o fato de que essa massa pode representar uma doença letal. Isso leva o paciente a procurar ajuda médica quando o sarcoma está em grau avançado e perigoso. Dores ocorrem quando o sarcoma está localizado em regiões desconfortáveis ou sensíveis do corpo humano.
Confira abaixo a entrevista concedida pelo médico venezuelano radicado em Miami, Rafael Marquina, à Rádio Caracol, da Colômbia, no último dia 31 de dezembro. Marquina fala sobre a gravidade do caso e das últimas horas de vida de Chávez, mas não confirma a morte do ditador