A incongruência toma conta do governante quando o Estado se transforma em lupanar da ideologia

    (*) Ucho Haddad –

    A seriedade de uma nação, seus cidadãos gostando ou não, está nas atitudes dos governantes, na forma como esses conduzem o Estado e decifram os entraves do cotidiano. Somente quem não conhece a realidade que por aqui se faz presente a cada instante acredita que o Brasil é uma nação séria.

    Quando o poder central engana diuturnamente a sociedade, sem que essa se incomode ou reaja, a seriedade institucional está longe de ser uma das virtudes do país. O populismo covarde e rasteiro que domina o Palácio do Planalto faz do Brasil uma espécie de paraíso da incoerência, da transgressão, da permissividade.

    Firme no propósito de instalar no País uma ditadura civil, o que alguns ousam chamar de ditadura ideal, a presidente Dilma Rousseff não mede as consequência dos seus atos, não avalia a essência de seus propósitos descabidos, não leva a sério a crise que assusta e corrói a extensa maioria do povo.

    Não se pode falar em democracia quando governantes se preocupam com prioridades partidárias e doutrinas ideológicas. Democracia não é apenas e tão somente o direito de ir e vir, de poder votar, de manifestar de forma livre o pensamento. É muito mais, vai além das fronteiras da Carta Magna.

    A democracia existe de fato e de direito quando o Estado age sem promiscuidade com o cidadão, quando o poder não se vale da cafetinagem institucionalizada e devolve em benefícios aquilo que recebe dos contribuintes. A democracia existe quando o Estado não é transformado em lupanar privado de uma minoria que enfurna a vadiagem debaixo dos resultados de uma eleição.

    A democracia existe quando o suado dinheiro do trabalhador não é utilizado para privilegiar feudos absolutistas, para adular facínoras ao redor do planeta. A democracia existe quando a vontade popular é um dos sustentáculos do Estado, quando o contraditório serve de plataforma para acertos futuros, não de alvo para a ira dos obtusos. A democracia existe quando prevalece o seu mais estrito e profundo significado – o poder emana do povo – e cada cidadão é respeitado como parte integrante e primordial de um todo.

    Helen Leite, uma jovem brasileira que saiu do interior de São Paulo para trabalhar honesta e legalmente no exterior, morreu no avião enquanto viajava para os Estados Unidos. Humildes e assustados com o fato, os pais da jovem não sabem o que ocorreu e muito menos o que fazer. Pediram ajuda ao governo brasileiro para trazer ao País o corpo da filha, mas o Itamaraty alega que a legislação não prevê esse tipo de auxílio. Algum tipo de imposto essa família pagou ao menos uma vez na vida, mas isso nada representa para um governo que explora o cidadão à semelhança de um gigolô que vasculha o embornal de suas comandadas.

    Enquanto a família de Helen Leite está mergulhada em um oceano de incertezas, tristeza e desespero, a presidente Dilma Rousseff, que financiada pelo erário descansa no litoral da Bahia junto com a família, ordenou que seu chanceler genérico, o ignaro Marco Aurélio Garcia, viajasse urgentemente a Cuba para acompanhar o real estado de saúde do ditador Hugo Chávez, que se não estiver morto de fato, como apontam as informações recebidas, pouco falta para que isso se consume.

    Aos atuais donos do poder, que alcançaram o Planalto Central por meio do voto popular, mas não deixam de ser uma horda de detratores da dignidade nacional, importante é ter informações precisas sobre a saúde de um totalitarista adepto do jogo político sujo e que sacrifica financeiramente seu povo para custear a sanguinária ditadura dos irmãos Raúl e Fidel Castro.

    A esses falsos moralistas dessa republiqueta de bananas em que se transformou o Brasil, especialistas maiores em corrupção, o corpo de Helen Leite nada representa, assim como pouco importa a dor de seus pais. Prioridade é saber o que se passa com Hugo Chávez, um comunista festivo que incentivou o índio-cocalero Evo Morales a se apoderar, como faz um punguista profissional, de uma unidade da Petrobras na Bolívia, provocando à estatal petrolífera brasileira um prejuízo de US$ 1,6 bilhão.

    O corpo da jovem Helen Leite, que por certo pagou impostos ao comprar sua passagem para os Estados Unidos, pouco pode proporcionar aos ilusionistas palacianos que abduzem a consciência popular e ignoram a opinião da parcela pensante da sociedade. Importante é, sim, ter notícias de um caudilho fanfarrão que tornou-se sócio do governo brasileiro em uma refinaria superfaturada, sem jamais ter tirado do bolso um só níquel.

    Marco Aurélio Garcia, o estafeta internacional do governo, que entremeia palavras absurdas do esquerdismo com um mau hálito que já é folclórico nas entranhas do poder, não viajará à Havana em avião de carreira, até porque o direitismo que marca a esquerda tupiniquim não permite essas economias rasas e pobretonas. Cruzará os céus do Caribe confortavelmente em algum dos muitos aviões oficiais brasileiros, para destilar sua essência trotskista diante de um enfermo desqualificado que perdeu a guerra para o mais devastador e imperioso dos males: o câncer.

    Há quem diga que céu, inferno e paraíso são ingredientes do marketing religioso, mas os que contribuíram para urdir o desespero da família da jovem brasileira terão suas almas arremessadas nas profundezas do báratro, onde só ultrapassa a alcatifa luciferiana aquele que fez do poder um afiado sabre contra o cidadão.

    (*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, comentarista e analista político, cronista esportivo, escritor, poeta e palestrante.