Partido da Solidariedade: como Aécio quer tirar o sindicalismo das mãos do PT

(*) Oscar Andrades –

A mais nova estratégia do senador mineiro Aécio Neves (PSDB) é dividir politicamente o sindicalismo brasileiro, hoje majoritariamente aliado do governo Dilma Rousseff (PT). Cada vez mais candidato à presidência em 2014, Aécio está patrocinando a criação do Partido Solidariedade, que reunirá sindicalistas e dirigentes da Força Sindical, da Nova Central e da União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Um dos sinais nesse sentido foi o pedido que o tucano fez ao deputado Fernando Francischini (PEN-PR) para se filiar à nova agremiação. O novo partido já tem o apoio do deputado Paulinho da Força (PDT) e espera reunir quase 40 deputados federais, o que já o colocaria com uma força razoável no Congresso. Mas o estímulo do senador tucano ao Partido Solidariedade vai além disso. Se obtiver a simpatia dos sindicalistas, Aécio conseguiria várias vitórias, ainda que parciais. Uma delas, e provavelmente a principal, é dividir um setor que, hoje, está majoritariamente vinculado à base de apoio da presidente Dilma Rousseff.

A divisão enfraqueceria um discurso sempre feito pelos petistas nas últimas eleições presidenciais, o de que é o partido que defende os interesses dos trabalhadores. Além disso, Aécio tenta, via Partido Solidariedade, provocar uma debandada no PSD do ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab. Hoje alinhado com Dilma, o PSD, ainda que novato na política, sofre com frequentes divisões em seus quadros. Pois dividi-lo ainda mais não é um cenário ruim para o senador mineiro.

Por fim, o apoio das centrais sindicais ajudaria a reduzir um pouco a imagem “elitista” que o PSDB ainda tem junto ao eleitorado. Nas últimas eleições presidenciais, seus candidatos (José Serra, Geraldo Alckmin e Serra, novamente), ainda que negassem, foram acusados de defenderem propostas consideradas pouco simpáticas à população mais pobre, como as privatizações. Não que Aécio vá negar a venda das estatais no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso – os últimos sinais, pelo contrário, mostram que ele defenderá os oito anos da era FHC -, mas o apoio de sindicatos ajudaria a reduzir eventuais prejuízos na camada mais politizada dos trabalhadores.

(*) Oscar Andrades é jornalista e editor do blog “Saúde e Previdência“.