Prazo de validade – O Socialismo do Século XXI, bandeira empunhada por Hugo Chávez em sua Revolução Bolivariana, não suportou um mês sem a presença diária do tiranete venezuelano, que aguarda em Havana o momento mais adequado para o anúncio de sua morte, decorrente de complicações do tratamento contra um sarcoma que evoluiu para metástase e comprometeu todos os órgãos.
Enquanto os venezuelanos discutem, de maneira cada vez mais acalorada, o futuro do país a dois dias da posse de Chávez, que não acontecerá por motivos óbvios, a população vive momentos típicos da extinta União Soviética, em que era preciso brigar para conseguir comida.
Os supermercados das principais cidades da Venezuela estão com as prateleiras praticamente vazias. Os donos dos negócios alegam que a falta de produtos se deve ao balanço de final de ano, mas as expectativas sobre os rumos políticos do país fazem com que os fabricantes segurem as mercadorias diante da possibilidade de um estouro da inflação.
Enquanto a indecisão toma conta do cenário político, cresce a disputa entre os aliados do próprio Hugo Chávez, cujo recrudescimento só favorece a oposição, que continua com Henrique Capriles na condição de líder.
A queda de braços entre o vice-presidente Nicolás Maduro e Diosdado Cabello, presidente reeleito da Assembleia Nacional, se deve ao fato que ambos sonham com o Palácio Miraflores. Maduro foi indicado por Chávez como seu sucessor e herdeiro político, mas de acordo com a Constituição venezuelana caberá a Diosdado Cabello assumir a presidência interinamente até a convocação de nova eleição, o que pode demorar por conta da balela de que Chávez pode ressuscitar.
A briga entre Maduro e Cabello está recheada de lances sórdidos nos bastidores, inclusive com a decisão do vice-presidente de solicitar à DEA (Drug Enforcement Agency), dos Estados Unidos, de encurralar o presidente da Assembleia Nacional, que é acusado de ser o chefão do tráfico de drogas no país.
Esse cenário mostra a fragilidade político-econômica do projeto revolucionário de Hugo Chávez, que só existe, mesmo que de maneira mentirosa, com sua presença circense e desafiadora, o que na prática é um jogo de cena da pior qualidade. Com isso, a Venezuela corre o sério risco de retornar às mãos dos militares.