O que muda no cenário da tragédia de Santa Maria a presença contínua do ministro da Saúde?

Algo no ar – Tão logo foi informada sobre a tragédia ocorrida em Santa Maria, a presidente Dilma Rousseff rumou para o local, mas antes ordenou que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fosse imediatamente para a cidade da região central do Rio Grande do Sul. Tudo normal se o governo fosse absolutamente operante, o que não é. Trata-se de um governo letárgico, que em dois anos não conseguiu debelar a crise e agora precisa mostrar serviço ao eleitorado, já de olho nas eleições de 2014.

Em Santa Maria, onde cometeu a irresponsabilidade de anunciar que as vítimas seriam atendidas e que o Ministério da Saúde faria o máximo possível, Padilha cumpriu o papel de menino de recado.

No desencadear das notícias sobre o acidente na cidade gaúcha, o que se sabe é que diversos estados da federação, por conta própria, estão enviando ajuda e reforços de equipamentos e medicamentos, assim como acontece com empresas privadas que já começam a fazer doações importantes.

Ora, quem deveria garantir o atendimento às vítimas do incêndio no âmbito da saúde pública era Tarso Genro, considerando que o Rio Grande do Sul é um ente federado e que o governador é do mesmo partido de Dilma e Padilha. Se isso não ocorreu, há na seara da saúde pública sul-rio-grandense algo muito maior e mais preocupante do que imaginavam os gaúchos.

É verdade que o incêndio de Santa Maria foi o maior País dos últimos cinquenta anos, só superado em número de vítimas fatais por outro ocorrido em Niterói, 1961, quando morreram 503 pessoas dentro de um circo, em sua maioria crianças, mas não é o caso de o ministro da Saúde transferir o seu gabinete para a cidade gaúcha, quando o restante do Brasil padece no setor da saúde pública.

Ou tem algo excessivamente errado nos bastidores dessa tragédia, ou Alexandre Padilha, que é médico, é um gênio que o planeta desconhecia. Padilha estando em Santa Maria o atendimento médico às vítimas que estão internadas e às outras que estão em casa e devem ser monitoradas não será alterado. O que está se fazendo é desdenhar da capacidade dos médicos gaúcho que prestam atendimento nos hospitais de Santa Maria.