No vácuo da tragédia ocorrida no último domingo (27) na cidade gaúcha já há muitos políticos faturando, mesmo que abstratamente. A presteza que levou muitas autoridades a Santa Maria não é vista em situações normais no decorrer dos anos. São todos soberbos e inacessíveis depois que arrancam a vitória das urnas.
Essa comoção que toma conta do meio político tem objetivo definido e será explorada ao máximo. Milhares de brasileiros se dispuseram a ajudar no palco da tragédia ou à distância, mas os políticos por enquanto ficaram nos discursos comoventes. Pergunte, caro leitor, se algum deles concorda em doar o próximo salário para criar um fundo de apoio às famílias das vítimas. Faça essa pergunta ao governador Tarso Genro, à presidente Dilma Rousseff, ao ministro Alexandre Padilha (Saúde)! Certamente fugirão da resposta, pois o bolso é a parte mais sensível do ser humano.
A tragédia de Santa Maria ainda está em seu clamor, mas isso dentro de algumas semanas há de passar, ficando para trás a dor dos que perderam pessoas queridas no acidente. O assunto cairá no esquecimento, assim como caíam outros tantos semelhantes.
Santa Maria está servindo de palco para um governo mostrar ao mundo aquilo que não sabe fazer: agir. O governo federal está tomado por impressionante paralisia, mas aproveitou a ocasião para mostrar serviço. Até a promessa de Alexandre Padilha, que garantiu que o Ministério da Saúde faria o máximo possível – o que não é favor – ficou perdida no vento. Não fossem as doações que chegam de todo o Brasil, a situação em Santa Maria poderia ser muito pior. Alguns entes federados, não o governo federal, é que estão se mobilizando em prol das famílias das vítimas e dos feridos que continuam internados.
Não se pode esquecer que as eleições de 2014 batem às portas e que os candidatos já estão em declarada campanha. E tentarão conseguir votos até mesmo em velório. Esse jogo sórdido já começou com uma autoridade empurrando a responsabilidade para outra, e vice-versa.
Não se pode esquecer que as eleições de 2014 batem às portas e que os candidatos já estão em declarada campanha. E tentarão conseguir votos até mesmo em velório. Esse jogo sórdido já começou com uma autoridade empurrando a responsabilidade para outra, e vice-versa.