Articulado por Lula, golpe do PT contra Geraldo Alckmin é suicida e tiro pode sair pela culatra

Arma contra tucanos – Há uma enorme diferença entre adversário e inimigo. E por conveniência, dependendo da necessidade e do momento, o PT transforma inimigo em aliado e adversário em inimigo. Para isso, o partido comandado por Lula não se incomoda em se valer de jogo sujo, golpe rasteiro, mentiras, rapapés e apunhaladas pelas costas. Política é um tipo de negócio que precisa da conivência criminosa, pois do contrário não prospera dentro da expectativa de seus operadores.

A forma supostamente obediente como o PT aceitou o controle do Congresso Nacional pelo PMDB não foi à toa e também não sairá de graça. É fato que havia um acordo selado entre as legendas, mas o PT não tem o costume de honrar a palavra dada. Nesse enxadrismo político, que tem como pano de fundo o conhecido projeto totalitarista de poder da legenda, o PT está de olho em cercar os adversários como em uma guerra e derrotá-los, mostrando aos eleitores uma espécie de rendição dos inimigos diante do falso messianismo que toma conta do partido. O plano é complexo, mas conta com estratégias bélicas, inclusive no momento de decidir a movimentação dos batalhões.

Quando Gilberto Kassab, então prefeito de São Paulo, doou um terreno da municipalidade para a construção do Instituto Lula, contrariando o desejo da esmagadora maioria dos paulistanos, ficou evidente que estava em marcha, nos bastidores da política, um plano de traição política sem precedentes e que o PSDB não se deu conta. O primeiro capítulo encenado por Kassab oi a criação de um novo partido, o PSD, que tirou do Democratas um bom número de parlamentares e políticos. A ideia, alimentada pelo PT, era enfraquecer a oposição o máximo possível. Na sequência, para alimentar seus planos políticos, Gilberto Kassab se atirou no colo do PT na condição de aliado de primeira hora da campanha de Fernando Haddad, que à época contava com míseros 3% de intenção de voto.

Com o anúncio da candidatura de José Serra à prefeitura paulistana, Kassab se bandeou para o lado do tucano, o que deu certo alívio ao PT, que ficou livre para atacar a então administração da cidade, que começou com o tucano, e infiltrou um espião de peso na campanha do adversário. Só mesmo um ingênuo para acreditar que Fernando Haddad, um ilustre desconhecido na cidade, foi eleito no rastro da competência e com a ajuda do responsável pelo período mais corrupto da história nacional, o fugitivo Lula.

Encerrado o segundo turno da disputa pela prefeitura da capital dos paulistas, Kassab e o PT trataram de apontar seus bacamartes na direção do Palácio dos Bandeirantes, de onde Lula quer despejar o PSDB a qualquer preço. Para que a estratégia avançasse, Dilma Rousseff foi inserida no projeto. A presidente, que acata de forma obediente as ordens do antecessor, abriu uma vaga na Esplanada dos Ministérios para acomodar Guilherme Afif Domingos, vice-governador de São Paulo e filiado do PSD, que ocupará a pasta da Micro e Pequena Empresa, que já foi oferecida à empresária Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza.

O belicoso plano político do PT continua avançando. Derrotar Geraldo Alckmin em São Paulo não é tarefa das mais simples, principalmente se o adversário não for um candidato de peso. Como a cúpula petista sabe que Aloizio Mercadante e Alexandre Padilha, ministros da Educação e da Saúde, respectivamente, não têm chances de chegar ao Palácio dos Bandeirantes, a ideia é apoiar a candidatura de um aliado, neste caso o vice-presidente Michel Temer.

Se a estratégia vingar, o PT palaciano se livra de Temer e abre vaga para Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, ser candidato à vice na chapa de Dilma, que tentará a reeleição em 2014. Eduardo Campos vem crescendo de forma paulatina em termos políticos na última década e é uma séria ameaça à presidente Dilma Rousseff na próxima eleição presidencial, tendo se aproximado do senador tucano Aécio Neves nos últimos dois meses.

No caso de aceitar a empreitada e se candidatar ao governo paulista, Michel Temer poderá ter um petista (Mercadante ou Padilha) como companheiro de chapa. É preciso lembrar que a aposta do PT é como atravessar o precipício caminhando sobre uma corda. Na eleição de 2006, quando disputou uma vaga na Câmara dos Deputados, Temer se elegeu na bacia das almas, tendo o coeficiente partidário como catapulta. Fora isso, Michel Temer não conseguiu impulsionar a candidatura de Gabriel Chalita na disputa pela prefeitura de São Paulo.

Diante de eventual malogro, Michel Temer ficará longe do poder, em termos efetivos, restando-lhe assumir a presidência nacional do PMDB, o que não é pouco. Mas com isso o partido perderá o poder de barganha que detém atualmente, controlando vários ministérios e inúmeros cargos importantes no segundo escalão da máquina federal, sem contar as contrapartidas de ocasião. Esse cenário projetado pelo PT poderá impor a Dilma Rousseff, se reeleita, um harakiri político. Resumindo, o PT optou por uma operação suicida para desalojar o PSDB do governo do mais importante estado brasileiro.