Com servidores pagos pelo contribuinte, o Congresso já não funcionava na tarde desta sexta

Melhor fechar – Brasil, sexta-feira, 8 de janeiro de 2013, véspera do feriado prolongado de Carnaval, que no âmbito político durará até o dia 18, uma segunda-feira. Até as 16h41 desta sexta-feira, o Estado (União, estados e municípios) já havia arrecadado a bagatela de R$ 173,3 bilhões em impostos, dinheiro suficiente para comprar pouco mais de 6,4 milhões de carros populares. Para quem gosta de números, esse valor representa 255,6 milhões de salários mínimos, que atualmente vale incríveis R$ 678.

Boa parte desse dinheiro é gasto com o custeio da máquina estatal como um todo. No mesmo horário em que o ucho.info consultou o tamanho da fome arrecadatória do governo, o Congresso Nacional estava paralisado, era uma cidade-fantasma com a assinatura de Oscar Niemeyer. Este site telefonou para diversos gabinetes de deputados e senadores, mas ninguém atendeu às chamadas. Como ninguém é de ferro, com os salários devidamente depositados nas respectivas contas bancárias, servidores saíram em debandada. Os políticos, mais espertos, um dia antes já estavam longe de Brasília, pois é preciso descansar depois de mais 45 dias de férias remuneradas de maneira nababesca.

Os problemas do Brasil ficam em segundo plano, para depois do Carnaval, se é que depois da folia alguma coisa acontecerá nessa barafunda que há mais de cinco séculos foi descoberta por um desavisado chamado Pedro Álvares Cabral.

Em qualquer empresa privada, os funcionários cumprem à risca o horário de trabalho, sob pena de descontos ou até demissão por justa causa, dependendo do tamanho da ousadia. No Congresso Nacional, como em qualquer casa legislativa ou repartição pública, os servidores, apaniguados ou não, recebem seus salários pontualmente para trabalhar e atender aos verdadeiros patrões, os contribuintes.

Em janeiro não se trabalha por que é mês de férias. Fevereiro é praticamente perdido, porque o motor começa a esquentar depois do Carnaval. O brasileiro trabalha cinco meses para pagar impostos. Restam outros cinco meses no ano, período em que trabalha-se para pagar contas e dívidas.

Beira o absurdo o gabinete de um parlamentar, que em Brasília custa aproximadamente R$ 140 mil, não funcione até o fim do expediente na véspera do Carnaval. O brasileiro é muito frouxo e complacente com o assalto diuturno de que é vítima. Falar em mudança com uma sociedade tão conivente e letárgica é excesso de utopia.