Sem saída, EUA têm de cortar gastos sociais e aumentar impostos para os mais ricos

(Foto: AFP)
Xis da questão – No tradicional discurso do Estado da União, que fez na noite de terça-feira (12) no Congresso dos Estados Unidos, o presidente Barack Obama focou temas internos, dedicando pouco espaço a assuntos internacionais, como a retirada de 34 mil soldados do Afeganistão. Decisão acertada, porque nenhuma intervenção militar estrangeira deve comprometer a democracia de uma nação. Fora isso, o momento econômico que enfrentam os Estados Unidos não permite gastos bilionários dessa natureza. Mesmo com essa decisão, 32 mil soldados continuará no Afeganistão para treinar os militares locais no combate à rede terrorista Al Qaeda e todos os grupos ligados à organização que um dia foi comandada por Osama bin Laden. Em relação à América Latina, o presidente norte-americano não fez qualquer referência.

Na tentativa de pressionar os adversários políticos, os republicanos, Barack Obama intimou deputados e senadores a aprovarem projetos de interesse da nação, como o que prevê a possibilidade de as famílias renegociarem suas dívidas hipotecárias. “Me mandem logo essa lei. Por que seria um problema partidário ajudar as pessoas a refinanciar seus débitos?”, questionou. Na esteira desse tema, o presidente dos EUA Contudo, Obama centrou seu discurso no fortalecimento da classe média, assunto que também tem sido o alvo dos republicanos. O presidente ianque falou em reajuste do salário mínimo no âmbito federal, que passaria a US$ 9 por hora.

Outro assunto que teve bom espaço no discurso de Obama foi o controle sobre armas de fogo, que ganhou repercussão depois do atentado à escola Newtown, no estado de Connecticut. Os fabricantes de arma de fogo fazem pesado lobby no Congresso e esse será um assunto que ainda provocará muitas discussões, exigindo de Obama uma postura firme para minimizar as tragédias que têm marcado a história dos EUA com tristeza e perplexidade.

Mas entre republicanos e democratas há um divisor de águas, especialmente porque nos próximos quatro anos o embate político terá como pano de fundo a próxima eleição presidencial, uma vez que o partido que está no poder não quer sair, enquanto o que está de fora quer voltar. A grande questão será o déficit fiscal do país, que no momento está em um funil de caminho sem volta. Os democratas querem aumentar os impostos para os ricos, os republicanos querem o corte dos gastos sociais. Nessa queda de braço os dois lados têm razão, mas ambas as propostas devem ser adotadas simultaneamente. Do contrário os EUA continuarão vivem com o fantasma do déficit fiscal.