Imprensa descobre o que o ucho.info antecipou: é preciso criar condições para ter médicos em todo o País

Planejamento zero – Dois anos depois de ucho.info noticiar um fato preocupante, retomado na edição de segunda-feira (19), a grande imprensa resolveu fazer do tema uma novidade bombástica. A necessidade de o Estado, como um todo, criar em todo o território nacional condições para que médicos se fixem em suas regiões.

A matéria inicial, publicada em 2011, alertava para a necessidade de não penas determinar os locais para a abertura de faculdades de medicina, mas criar condições de vida e de trabalho para que esses profissionais exerçam a profissão nos estados onde estudaram e se graduaram.

Os Ministérios da Saúde e da Educação fizeram uma parceria para impedir a abertura de faculdades de medicina em locais onde há grande concentração de médicos, mas não será assim que o governo solucionará o problema da falta de profissionais do setor em muitas regiões do País. O Sul e o Sudeste registram a maior concentração de médicos por questões óbvias: salários e condições de vida e de trabalho.

A média nacional de médicos no País é de dois 2 profissionais por cada mil habitantes, incluindo nesse cálculo os setores público e privado da saúde. Na rede pública de saúde, a média cai assustadoramente para 1,1 médico para cada mil habitantes. Em São Paulo, maior cidade brasileira, existe um médico para cada 260 habitantes.

Em muitas cidades brasileiras as autoridades estão desesperadas à caça de médicos, chegando a oferecer salários muito superiores aos pagos nas regiões Sul e Sudeste, mas mesmo assim não conseguem encontrar profissionais. Isso porque as cidades não oferecem condições mínimas de vida e os hospitais não estão equipados para que os médicos exerçam a profissão.

A extensa maioria dos cidadãos que ingressam na universidade o faz para alcançar independência financeira e realização profissional. Sem esses dois ingredientes, o máximo que se conseguirá é um mercenário que trabalhará sem estímulo e focado no dinheiro. Uma sociedade equilibrada e responsável não se mantém com esses remendos de última hora que o governo inventa para esconder uma incompetência que já nacionalmente conhecida.