Nesta terça-feira (19), Dilma, que governa sob os efeitos do slogan “País rico é país sem pobreza”, lançou, em cerimônia oficial no Palácio do Planalto, uma nova etapa do programa “Brasil Sem Miséria”. Com viés eminentemente eleitoreiro e recheado de frases de efeito, o evento desta terça-feira serviu para que Dilma afirmasse que mais 2,5 milhões de brasileiros serão beneficiados pelo programa, o que permitirá (sic) ao governo gazetear que tirou 22 milhões de pessoas da miséria.
Pois bem, em termos financeiros o benefício chega, com o anúncio de hoje, a incríveis R$ 70 por pessoa, valor que em uma família com cinco integrantes representa R$ 350 mensais. A desfaçatez com que o governo do PT lida com a questão é simplesmente nauseante, mas essa é a armadilha dos esquerdistas, que falam em igualdade socializando a miséria. O benefício de R$ 70, se é que pode ser chamado por esse nome, representa uma fração diária de R$ 2,33, o que permite a esse sortudo miserável mudar de vida e comprar dois pãezinhos e um copo de água a cada 24 horas.
Considerando que dois terços da população brasileira, cada vez mais endividada, recebem menos do que dois salários mínimos mensais, sendo que o valor do salário é uma piada de péssimo gosto (R$ 678), um evento para anunciar auxílio de R$ 70 seria considerado suicídio político até mesmo no mais miserável dos países.
O mais interessante nesse espetáculo pirotécnico que o governo da presidente Dilma Rousseff ora patrocina é que, se ainda estivesse na oposição, o PT já teria promovido uma ruidosa gritaria diante do fabuloso anúncio. Em tempos pretéritos, quando atacava gratuitamente os ocupantes do poder, os petistas defendiam a adoção pelo governo do salário mínimo ideal sugerido pelo Dieese, que hoje, de acordo com a instituição, deveria ser de R$ 2.674,88, valor equivalente a 3,94 vezes o mínimo atual, que é de R$ 678.
Tendo o salário mínimo definido pelo governo para 2013, essa ferramenta milagrosa de eliminação da miséria representa 10,32% dos ricos R$ 678 pagos atualmente ao simples trabalhador.
Para quem é apaixonado por números ou não se incomoda em confirmar a incompetência do governo, para os atuais donos do poder 10,32% do salário mínimo atual, que tem levado a sociedade para o buraco, representam exclusão da miséria. A situação piora quando entra em cena o salário mínimo ideal, pois a esmola oficial representa míseros 2,62% do valor sugerido pelo Dieese, plataforma de tantos protestos do PT em tempos outros. Ora, se 2,62% do ideal ou 10,32% do fiasco não traduzem uma situação de miséria, que a presidente se apresse em explicar o que é, pois, como mencionado, o espaço está desde já aberto para Dilma Vana Rousseff.
