Mudez de ocasião – Que a política é a arte da incoerência todos sabem, mas quando um agente do Estado se cala de maneira covarde apenas para não aviltar a burra e obtusa ideologia que o embala, seu comportamento mostra a essência mentirosa e distorcida de quem bate no peito e regurgita moralidades acerca de direitos humanos. É o caso da ministra Maria do Rosário, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, que adotou estranho silêncio diante dos protestos contra a blogueira cubana Yoani Sánchez.
Uma das mais ortodoxas representantes da esquerda radical brasileira, Maria do Rosário é ferrenha defensora do regime dos irmãos Fidel e Raúl Castro, que há cinco décadas comandam a ilha caribenha com mão de ferro e um sem fim de atrocidades cometidas contra os dissidentes do regime político local. A pequena flexibilização da ditadura cubana ocorrida nos últimos anos não resultou da condescendência da tirania e muito menos de lampejo de humanidade por parte dos Castro, mas de uma clara necessidade de manter o regime em níveis minimamente seguros em um cenário mundial onde a velocidade da comunicação é muito maior do que a sanha pelo totalitarismo.
A postura de Maria do Rosário mostra seu despreparo para estar à frente de uma pasta que deveria defender os direitos do ser humano, independentemente da bandeira ideológica de cada um. A ministra, que por diversas vezes já se calou diante de barbáries cometidas por tiranos de esquerda, confirma que o Brasil caminha a passos largos na direção de um regime totalitarista perigoso, onde a corrupção é um dos pilares do projeto de poder que se ergue sobre o pântano.
Muito mais do que uma dose da tão necessária liberdade a Yoani Sánchez, a visita da blogueira mostrou ao mundo o enorme risco que a democracia brasileira sofre com a presença no poder de políticos que fazem do populismo barato a senha para um regime de exceção. Se os brasileiros não reagiram com rapidez, o caminho tem todos os ingredientes para tornar-se sem volta.
