Crise econômica e insatisfação da base aliada podem comprometer projeto de reeleição de Dilma

Caminho complexo – Com a campanha presidencial lançada com dois anos de antecedência, Dilma Rousseff terá sérios problemas com o enxadrismo político que já surge em cena. Até o momento, o PMDB tem acompanhado em silêncio as peripécias que petistas protagonizam nos bastidores, com vistas à disputa de 2014, mas se a crise econômica continuar, o partido não pensará muito para pular do barco palaciano, mesmo o vice-presidente Michel Temer sendo integrante da cúpula da legenda.

Independentemente dos cargos que ocupam na máquina federal, os peemedebistas que participarão das eleições de 2014 já deram mostras que não desejam carregar a crise para cima dos palanques. Se Dilma e seus assessores econômicos não encontrarem uma solução rápida para o problema, o projeto de Lula de reeleger sua sucessora pode fracassar.

Além dos problemas econômicos, a situação de Dilma torna-se ainda mais difícil quando se analisa o cenário que domina o Congresso Nacional e as conjecturas feitas pelo PT. Lula, que tentava impedir um voo solo do governador Eduardo Campos (PSB), de Pernambuco, sugeriu que o vice Michel Temer saísse candidato ao governo de São Paulo com o apoio do PT e, obviamente, carregando algum petista como vice.

Por vários motivos a ideia não emplacou. Primeiro porque o PT e o PMDB de São Paulo rechaçaram a ideia logo de início, uma vez que os planos de ambas as legendas são outros. Em segundo lugar é preciso considerar que Michel Temer só chegou à Câmara dos Deputados em 2006 por causa do coeficiente alcançado pela coligação na eleição daquele ano. Por muito pouco não foi barrado nas urnas. O que o inviabiliza como candidato do partido ao Palácio dos Bandeirantes.

Na outra ponta do emaranhando está o PT, que tem dois pré-candidatos de olho na cadeira do governador Geraldo Alckmin, que será candidato à reeleição: os ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde). Mercadante já fracassou anteriormente na tentativa de chegar aos Bandeirantes, inclusive por ocasião do escândalo do Dossiê Cuiabá. Padilha, por sua vez, é desconhecido em São Paulo e caso seja o candidato do partido terá muita dificuldade, mesmo tendo Lula como puxador de votos.

Enquanto Michel Temer assiste à movimentação petista, o PMDB do Rio de Janeiro rubrica um ato de ousadia e quer fazer do governador Sérgio Cabral Filho o candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff em 2014. Cabral Filho, que por manobras e acordos espúrios escapou dos respingos do escândalo envolvendo Fernando Cavendish, dono da Delta Construção, tem no Congresso Nacional um inimigo figadal. O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, cujo nome causa arrepios quando pronunciado nas coxias da política em Brasília.

O filme de terror que passa no cinema político de Dilma Rousseff tem o seu epílogo centrado em dois parlamentares polêmicos. Os presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, os peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Henrique Eduardo Alves (RN), respectivamente. E não foi por acaso que denúncias contra ambos surgiram às vésperas da eleição das Mesas Diretoras do Senado e da Câmara.