Fernando Collor usa seus desvios psicológicos como arma contra o procurador Roberto Gurgel

Chave de hospício – De Norte a Sul do País há um declarado movimento para demonizar o Ministério Público em todas as suas instâncias. Esse movimento é pilotado por parlamentares preocupados com a possibilidade de tornarem-se alvo do MP por causa de desmandos e crimes que cometem e ficam nos subterrâneos da política. A atuação do Ministério Público é garantida pela Constituição Federal de 1998 e, ao longo desses quase 25 anos, o balanço das investigações feitas pela instituição, como um todo, é altamente positivo.

Sem a atuação do Ministério Público, muitos dos crimes cometidos por políticos teriam caído na vala do esquecimento. No Congresso Nacional tramita uma Proposta de Emenda Constitucional para tirar do Ministério Público o poder de investigação. Esse é mais um passo rumo ao totalitarismo, pois os atuais donos do poder precisam permanecer impunes para dar seguimento ao golpe disfarçado que está em marcha.

O caso do Mensalão do PT, que mereceu da Procuradoria-Geral da República denúncias à maioria dos partícipes, foi o que motivou essa tentativa de mudança do texto constitucional vigente, como forma de retaliação ao Ministério Público Federal pela atuação do procurador Roberto Gurgel. A sociedade brasileira precisa estar atenta à movimentação dos congressistas, pois o País pode perder uma de suas importantes e já escassas trincheiras.

Assim como em qualquer segmento do cotidiano, o cidadão é passível de erros, mas não se pode aceitar que o desejo de uma minoria acostumada às transgressões e às negociatas engesse o Ministério Público. Esse movimento, que chegou às Assembleias Legislativas, tem sido reforçado pelos discursos descontrolados de Fernando Collor de Mello, que lidera um ataque quase suicida contra Roberto Gurgel.

Primeiro presidente da República a sofrer um impeachment em toda a história da política nacional e senador eleito por Alagoas, o destemperado Fernando Collor continua desfilando seu destempero comportamental em todos os cantos do Senado, como se gritaria fosse sinônimo de razão. Na verdade, quem grita perde a razão desde a primeira palavra vociferada acima do tom.

Eleito para presidir a Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, Collor ocupou a tribuna da Casa para mais um capítulo da cruzada que promove contra Roberto Gurgel, que desde o ano passado é acusado pelo parlamentar de prevaricação. Em discurso proferido na terça-feira (26), Fernando Collor pediu para que Gurgel “cale a boca” e espere que o Tribunal de Contas da União avalie sua gestão à frente da PGR.

“Ele tem que calar a boca. Ele e a sua trupe corporativista de emulas [rivais]. Agora é o Senado que quer saber de tudo. Por isso, cale a boca e espere o TCU dar a palavra final. Só ele é capaz de dizer se o senhor prevaricou, ou não. Se cometeu mais um ilícito a acrescentar ao seu portfólio criminoso”, disse Collor, referindo-se ao requerimento aprovado pelo Senado para que o Tribunal de Contas da União analise a compra de 1,2 tablets pela Procuradoria-Geral da República.

Os ataques de Collor a Roberto Gurgel recrudesceram depois que o procurador da República ofereceu denúncia contra Renan Calheiros, dias antes de o peemedebista alagoano ser eleito presidente do Senado

Quando alguém com o currículo de Fernando Collor de Mello tenta dar lições de moral e passa intimidar autoridades, é porque a nação tornou-se uma nau sem rumo no oceano da impunidade.

Em qualquer país minimamente sério, Fernando Collor já estaria longe do Senado Federal, pois o parlamentar insiste em transformar o parlamento em rinha de galo particular, como se o País fosse obrigado a conviver com sua verborragia insana e seu desequilíbrio existencial.

O Senado dispõe de psiquiatras, os quais poderiam auxiliar Collor, uma verdadeira fonte de desvios psicológicos, como histeria e histrionismo, porque não dizer que é a “fulanização” do transtorno de personalidade esquizoide. Traduzindo para o bom e velho idioma da nossa pátria amada, se um divã não der conta do recado, uma camisa de força cai como luva de pelica.