Nada diferente – A cada dia a política mostra-se um universo vasto e farto para a psiquiatria. “Nunca antes na história deste país” viu-se tantos políticos desvairados mesclando oportunismo barato com verborragia desmedida, como se suas declarações fossem a verdade suprema.
Responsável pelo período mais corrupto da historia política nacional e ainda fugindo da imprensa para não explicar seu envolvimento em escândalos, Luiz Inácio da Silva lidera essa trupe de políticos que fazem da escassez intelectual o anestésico barato que abduz a porção desavisada da opinião pública.
Na noite de terça-feira (26), Lula, o marechal do Mensalão do PT, rebateu declaração de Fernando Henrique Cardoso e disse que o tucano “deveria ficar quieto”. Comportamento nada assustador para quem foi incensado politicamente pelos aplausos embriagados dos frequentadores de botecos de porta de fábrica.
O ex-metalúrgico, que acredita ser oráculo do Senhor e esforça-se para ficar próximo da porta do fundo da História, não gostou das palavras de FHC, que um dia antes fez referência à presidente Dilma Rousseff e disparou: “O que é que a gente pode fazer quando a pessoa é ingrata? Nada. Cospe no prato que comeu. Meu Deus”.
“Eu acho que Fernando Henrique Cardoso deveria, no mínimo, ficar quieto. Acho que, neste país, cada um fala o que quiser e responde pelo que fala”, declarou Lula ao rebater o antecessor.
Lula é tão abusado, que acredita que o PSDB deveria ajudar Dilma a governar o Brasil, que, não custa lembrar, há muito está desgovernado e sem governo. “O que ele deveria é contribuir para Dilma continuar a governar o país bem. Deixa ela trabalhar. Ela sabe o que faz. Deixa a mulher trabalhar. Porque não é todo dia que o país elege uma mulher presidente”, disse o petista.
Se Dilma Rousseff de fato soubesse o que faz, como afirmou seu mentor eleitoral, a economia brasileira não estaria na corda bamba da crise. O “deixa a mulher trabalhar” é a versão feminina do bordão chicaneiro que Lula usou quando eclodiu o escândalo do Mensalão do PT.
A afirmação de que “não é todo dia que o país elege uma mulher presidente” mostra que Dilma Rousseff só chegou ao principal gabinete do Palácio do Planalto na condição de marionete de luxo de um projeto totalitarista de poder. Ademais, se existe alguém que deveria deixar Dilma tentar governar, esse é Lula, que, como disse FHC, é o presidente-adjunto da República.
Essa troca de farpas entre Lula e FHC é decorrente do lançamento antecipado da candidatura de Dilma à reeleição. A estratégia de Lula é muito clara para quem conhece os bastidores da política verde-loura. Se a crise econômica não for solucionada nos próximos meses e Dilma cair em desgraça junto ao eleitorado, uma vez que o ser humano pensa com o bolso, Lula inverte o jogo e sai como candidato do PT à presidência, em 2014.
Não foi para ajudar a presidente que Lula decidiu viajar pelo Brasil e assumir a coordenação da reforma ministerial que deve acontecer em março. O ex-metalúrgico é conhecido como um animal político, e como qualquer ser dessa natureza é capaz, diante da necessidade, de devorar a própria cria.