(*) Roger Taussig Soares –
A Doença de Alzheimer é uma doença relacionada à idade; quanto mais idoso o indivíduo, maior a chance de desenvolver a doença. As estimativas norte-americanas dão conta que uma em cada oito pessoas acima dos 65 anos tem Alzheimer. Ao avaliar apenas as pessoas com 85 anos ou mais, quase 50% manifestam a doença. Além disso, muitas pessoas que nunca exibiram sintomas de Alzheimer podem ter alterações na autópsia que sugerem que o problema já estava se desenvolvendo.
Nos últimos anos, o conhecimento acerca do problema ter crescido muito e embora não tenhamos ainda medicamentos mais eficazes, acredita-se que a detecção precoce permitirá um melhor controle do problema. As esperanças da comunidade científica vão ainda além, com o desenvolvimento de métodos diagnósticos que reconhecem as alterações do Alzheimer antes dos primeiros sintomas, o objetivo será adiar a instalação clínica do Alzheimer e aumentar a expectativa de vida produtiva até nos que estão predispostos à patologia.
Nesse artigo, apresentamos uma tradução de material elaborado e divulgado pela Alzheimer’s Association nos Estados Unidos da América, com a finalidade de aumentar o conhecimento do público leigo para a detecção dos principais sintomas da doença.
Os dez sinais do Alzheimer
1 – Perda de Memória que compromete as atividades da vida diária. Um dos sinais mais comuns da Doença de Alzheimer é a perda de memória, especialmente o esquecimento de informações recentemente aprendidas. Outras incluem esquecer datas ou eventos importantes; perguntar a mesma coisa diversas vezes; depender de apontamentos ou ajuda da família para coisas que antes dava conta sozinha. Quais alterações são normais para a idade? Algumas vezes a pessoa pode se esquecer de nomes ou compromissos, mas depois se lembra deles.
2 – Dificuldade em planejamento ou resolução de problemas. Algumas pessoas podem manifestar alterações em suas habilidades de desenvolver ou seguir um plano ou trabalhar com números. Elas podem ter problemas para seguir uma receita conhecida ou se manter em dia com as contas do mês. Também podem ter dificuldade de se concentrar ou demorar muito mais do que antigamente para fazer coisas. Não é considerado doença, entretanto, ter alguns erros ocasionais para fazer o balanço do talão de cheque.
3 – Dificuldade em completar tarefas usuais em casa, no trabalho ou no lazer. Pessoas com Alzheimer com frequência acham difícil realizar as tarefas diárias. Algumas vezes, as pessoas têm dificuldade de dirigir para um local familiar, administrar o orçamento no trabalho ou se lembrar das regras de um jogo favorito. O que é típico de mudança relacionada à idade? Ocasionalmente precisar de ajuda para fazer a programação de um microondas ou gravar um programa de televisão.
4 – Confusão no tempo e no espaço. Pessoas com Alzheimer podem perder o controle de datas, estações do ano e a passagem do tempo. Elas podem ter dificuldade de compreender algo que não esteja acontecendo imediatamente. Algumas vezes podem esquecer onde estão ou como chegaram ali. O que é típico de mudança relacionada à idade? Fica confuso sobre o dia da semana, mas descobrir depois.
5 – Problemas para entender imagens visuais ou relações espaciais. Para algumas pessoas, ter problemas de visão pode ser um sinal de Alzheimer. Elas podem ter dificuldade de leitura, julgamento de distâncias ou reconhecimento de cores e contrastes. Em termos de percepção, elas podem passar por um espelho e pensar que mais alguém está na sala. Elas podem não perceber que são elas mesmas no espelho. O que é típico de mudança relacionada à idade? Alterações visuais decorrentes de cataratas ou outros problemas oculares.
6 – Novos problemas com palavras na fala ou na escrita. Pessoas com Alzheimer podem ter dificuldade para acompanhar ou participar de uma conversa. Elas podem parar no meio da conversa e não saberem como continuar ou podem ficar se repetindo. Elas podem se complicar com o vocabulário, ter problemas em achar a palavra certa ou chamar as coisas pelo nome errado.(ex: podem chamar um lápis de caneta)O que é típico de mudança relacionada à idade? Algumas vezes ter dificuldade em encontrar a melhor palavra.
7 – Colocar as coisas fora de lugar e perder a capacidade de reconstituir o que fez. Uma pessoa com Alzheimer pode colocar as coisas em lugares inapropriados ou não costumeiros. Eles podem perder as coisas e serem incapazes de reconstituir seus passos para achá-las novamente. Algumas vezes, podem acusar os outros de as terem roubado. Isso pode ocorre com mais frequência à medida que o tempo passa. O que é típico de mudança relacionada à idade? Colocar as coisas fora de lugar de vez em quando, como um par de óculos ou o controle remoto da TV.
8 – Julgamento pobre ou diminuído. Pessoas com Alzheimer pode experimentar mudanças no julgamento e na capacidade de tomar decisões. Por exemplo, elas podem se confundir ao lidar com dinheiro, dando quantias exageradas a vendedores de telemarketing. Elas podem prestar pouca atenção ao asseio pessoal e não se manterem limpas. O que é típico de mudança relacionada à idade? Tomar uma decisão inadequada de vez em quando.
9 – Afastamento do trabalho e de atividades sociais. Uma pessoa com Alzheimer pode começar a se desligar de passatempo, hobbies, atividades sociais, projetos de trabalho ou esportes. Ela pode ter dificuldade em se manter atualizada com o time favorito ou se lembrar como executar seu hobby favorito. Também pode evitar se socializar por causa das mudanças que está sentindo. O que é típico de mudança relacionada à idade? Alguns sentimentos de fadiga em relação a trabalho e compromissos familiares ou sociais.
10 – Alterações de humor e personalidade. O humor e a personalidade das pessoas com Alzheimer pode mudar. Elas podem ser tornar confusas, desconfiadas, deprimidas, medrosas ou ansiosas. Elas podem ficar facilmente descontentes em casa, no trabalho com os amigos ou em lugares nos quais se sintam fora de sua zona de conforto. O que é típico de mudança relacionada à idade? Desenvolver formas muito específicas de fazer as coisas e se tornar irritável quando a rotina é perturbada.
(*) Roger Taussig Soares é médico neurologista formado pela Universidade Estadual de Londrina (PR) com em Neurologia Clínica pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Grupo de Neurologia Cognitiva e Comportamental no Hospital das Clínicas – FMUSP (www.doutorcerebro.com.br)