Desoneração da cesta básica já foi compensada pelo aumento do preço dos alimentos nos últimos meses

Anestésico do pensamento – A desoneração da cesta básica no âmbito dos tributos federais continua sendo um mistério, o que não significa que deixa de existir como ferramenta eleitoral de Dilma Rousseff, que já trabalha pela reeleição.

Na segunda-feira (11), Guido Mantega reuniu-se com empresários do setor de alimentos e representantes de supermercadistas, na sede do Ministério da Fazenda, em Brasília, na tentativa de antecipar o repasse ao consumidor do valor correspondente aos impostos que o governo federal deixará de arrecadar, montante estimado em R$ 7,3 bilhões por ano.

Essa bondade palaciana não sairá de graça ao contribuinte, assim com já acontece com a redução de tarifa de energia elétrica, projeto que arrancará dos cofres federais R$ 8,5 bilhões ao ano para indenizar as empresas geradoras.

Considerando que o governo de Dilma Rousseff está paralisado há dois anos mesmo com seguidos recordes de arrecadação, não é preciso qualquer esforço do raciocínio o que acontecerá com o Brasil nos próximos anos sem alguns bilhões de reais no caixa palaciano. Em outras palavras, Dilma decidiu colocar mais água no feijão da incompetência oficial.

É importante destacar que a medida anunciada no Dia Internacional da Mulher não aconteceu porque a presidente pensou na população menos favorecida financeiramente, que hoje integra a classe média inventada por Lula, mas apenas porque o governo está atrás de um antídoto para a inflação. Como os alimentos continuam como o vilão do mais temido fantasma da inflação, os gênios petistas decidiram atacar a consequência, deixando a causa para um dia qualquer.

De nada adianta essa pirotécnica isenção de impostos depois que o preço da cesta básica disparou em 2012. O suposto benefício não conseguirá repor ao cidadão o poder de compra de um ano atrás, corroído vorazmente pela inflação.

O que o governo deveria fazer, mas não faz, é promover mudanças no sistema tributário e investir em infraestrutura, o que certamente contribuiria para o crescimento da economia e baratearia uma infinidade de produtos e serviços.

Tão logo barrou a desoneração da cesta básica em setembro do ano passado, apenas porque se tratava de um projeto da oposição, Dilma Rousseff criou uma comissão para estudar o tema e criar um projeto de impacto político. Como no capitalismo ninguém madruga para jogar dinheiro pela janela, os preços dos alimentos não subiram assustadoramente nos últimos meses por mero acaso. Depois da alta premeditada, os produtos entraram em promoção. O próximo passo do governo será ressuscitar os “fiscais do Sarney”.

Resta saber até quando o governo continuará enganando a opinião pública com medidas, pontuais, atrasadas e inócuas. Fosse o brasileiro avesso à acomodação, o Palácio do Planalto a essa altura já estaria cercado. Sonhar custa nada e não tem carga tributária.