Autoplágio não dá a Mercadante o direito de condenar receita de macarrão instantâneo em redação

Cabelo na testa – As lufadas de genialidade de Aloizio Mercadante, o “irrevogável”, ministro da Educação, são impressionantes. Depois do estrago que uma receita de macarrão instantâneo enxertada em redação do Enem provocou no governo, Mercadante, que na eclosão do escândalo estava a passear em Roma, ordenou que a partir de agora as correções serão das provas dissertativas serão mais austeras.

O ministro informou nesta sexta-feira (22) que redações com deboches terão nota zero. “Para ter nota máxima a redação deverá ir para uma banca com três doutores”, disse Mercadante. “Não basta mais passar só pelos dois corretores. Atualmente existem casos que tem um erro, mas ainda assim é possível ter nota máxima. Agora, a correção será mais exigente”, completou o titular da Educação.

A medida foi anunciada depois que os corretores das redações do Enem declararam que até então recebiam orientações para não agir com rigor na avaliação dos textos. O que mostra que a Educação no Brasil está longe de ser a maravilha anunciada por Lula e alcançada pelo petista Fernando Haddad, que pelo seu desempenho nos três primeiros meses do ano parece que ainda se prepara para tomar posse como prefeito da maior cidade brasileira, São Paulo.

Mesmo assim, Mercadante procurou minimizar o estrago provocado pelos chistes redacionais, que alcançaram a mídia no vácuo da receita de miojo e do hino do Palmeiras. “Não vamos pegar seis redações para tentar tirar daí uma tese para 4.170.000 redações. Não há nenhuma amostra estatística que demonstre isso. Ainda assim, nós estamos olhando com cuidado, e avaliando sempre para fazer o melhor” declarou o ministro.

Aloizio Mercadante não é a pessoa mais adequada do governo do PT para essas lições de moral na área da educação. Ainda senador, Mercadante conseguiu a proeza de fraudar a si mesmo em tese de doutorado em Economia apresentada à banca examinadora da Unicamp. A repercussão do caso foi tamanha, que houve uma divisão na cúpula da universidade em relação à aprovação do agora ministro.

Entenda o caso da tese do ministro

Era uma sexta-feira, 17 de dezembro de 2010, quando Aloizio Mercadante chegou a um dos auditórios da Unicamp para discorrer sobre sua tese de doutorado em Economia, “As bases do Novo Desenvolvimentismo no Brasil: análise do governo Lula (2003-2010)”. Não poderia ser outro tema, porque no PT só há herdeiros magnânimos de Aladim e messiânicos de toda ordem. E os dias atuais provam como a Unicamp errou ao dar o título de doutor em ciências econômicas a Aloizio Mercadante, título que até seus parentes desconfiam.

Fosse seguir a própria regra que impõe aos “reles” doutorandos, a Unicamp jamais poderia ter conferido o título a Mercadante, pois a tese não passou de cópia rebuscada de um livro de sua autoria, “Brasil: a construção retomada”. E qualquer universidade respeitável, como é o caso da Unicamp, exige que a tese de doutorado seja uma obra inédita. No Regimento Geral dos Cursos de Pós-Graduação da Unicamp (Deliberação CONSU-A-008/2008, disponível em http://www.pg.unicamp.br), o Artigo 31, em seu parágrafo 3º, é claro: “Entende-se por tese de doutorado o trabalho supervisionado que resulte em contribuição original em domínio de conhecimento determinado”.

Diante do constrangimento, Mercadante, que conseguiu a proeza de fraudar a si mesmo, explicou que sua tese era uma versão mais densa e ousada do conteúdo do tal livro.

Em determinado ponto do fraudulento trabalho apresentado à Unicamp, Mercadante destaca: “O ponto fulcral desta tese é que o Brasil, ao longo do governo Lula, começou a construir um Novo Desenvolvimentismo, um novo padrão de desenvolvimento substancialmente distinto tanto do neoliberalismo quanto do antigo nacional-desenvolvimentismo predominante no passado”.

Comentar sobre a fraude cometida na tese de doutorado do gênio e agora xerife da educação nacional Aloizio Mercadante é desnecessário, pois para bom entendedor pingo é letra. Sobre o ponto fulcral, este sim merece comentário, pois este “padrão de desenvolvimento distinto” foi desmontado no primeiro estouro da bolha de virtuosismo que Lula vendeu ao mundo e alguns incautos compraram.

Mas o título de doutor de Mercadante é o menor dos males se levarmos em conta que o corrupto Lula recebeu honrarias apenas porque destruiu a economia nacional e fez com que o Brasil jogasse uma década no lixo. Resumindo, os “companheiros” se merecem.