Caminho errado – Ainda ministro da Fazenda, o petista Guido Mantega tentou fazer de sua recente participação em audiência pública na Comissão de Assunto Econômicos (CAE) do Senado mais um espetáculo de mitomania com a chancela palaciana, mas o mercado financeiro tem sido implacável ao lidar com a realidade. Até porque, com dinheiro não há outra saída que não ser realista.
De acordo com o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na manhã desta segunda-feira (25), os economistas consultados pela instituição rebaixaram mais uma vez a previsão de crescimento da economia em 2013. O índice, que na última semana estava em 3,03%, foi rebaixado para 3%, o que mostra que, ao contrário do que disse Mantega, a bola de cristal do governo tem falhado muito mais do que acertado.
Em relação à inflação, os economistas de mais de cem instituições financeiras apostam em redução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que caiu de 5,73% para 5,71%. Essa pequena redução pode ser reflexo da desoneração dos produtos da cesta básica, o que mostra que a medida tende à inocuidade. Responsável também pelo controle da inflação, o Banco Central tem enfrentado dificuldades nos últimos anos para manter no centro da meta o mais temido fantasma da economia, que é de 4,5%.
O péssimo costume de aceitar a inflação sempre beirando o teto da meta confirma o que o ucho.info alerta há alguns meses. A inflação real é muito maior do que a anunciada pelos palacianos, o que explica a chiadeira que toma conta das ruas de todo o País. Diante desse cenário, o Banco Central deve subir a taxa básica de juro, saltando de 7,25% ao ano para 8,25%, ainda em 2013.
A alta da Selic não produzirá o resultado necessário se nenhuma outra medida for adotada simultaneamente. O governo não pode repetir o erro de adotar medidas pontuais e atrasadas, pois do contrário permitirá a interpretação de que a economia brasileira está na UTI e que a equipe médica está realizando os últimos procedimentos na tentativa de salvar a vida do paciente.
Para quem tem dívidas no cartão de crédito, por exemplo, a alta da Selic pouco muda a situação do devedor, que passará a rolar sua dívida com taxa de juro de 250% ao ano, ao invés de 245%. Em outras palavras, será mais curta a agonia que antecede a morte financeira.