Pegando carona – Quando o ucho.info afirma que a discussão na órbita do pastor Marco Feliciano é oportunista e não chega ao cerne da questão, alguns leitores sentem-se contrariados e dizem que somos retrógrados e conservadores, o que não é verdade. Sempre insistimos no dispositivo constitucional de que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, até porque assim o Estado nos trata, começando pela cobrança de impostos, não importando se o pagador é heterossexual, homossexual ou bissexual.
A essência do ser humano transcende com largueza a orientação sexual e pouco importa o perfil de relacionamento entre duas pessoas, pois só há uma forma de justificar o convívio, que é pelo sentimento.
O que não se pode é acusar Marco Feliciano por atitudes futuras, tendo como base declarações passadas. Se esse é o prisma pelo qual os políticos devem ser julgados, que a faxina comece pelo Palácio do Planalto. Criar exceções à regra é violentar a democracia e estigmatizar uma parcela da sociedade, que no momento empunha a bandeira das liberdades individuais e esquece os direitos e deveres coletivos, que obrigatoriamente passam pelo respeito ao próximo.
Para se ter ideia de como alguns alarifes começam a pegar carona nessa discussão sem fim, um assessor parlamentar de destacado senador da base aliada alugou um apartamento em Brasília, na Asa Sul, e acabou despejado por não pagar alugueres, taxas condominiais e contas de luz. Cobrado com base no contrato e à sombra do que determina a lei do inquilinato, o devedor afirma, sem apresentar comprovantes, que não pagará a dívida que estaria supostamente quitada e acusa a proprietária de ser homofóbica, o que é uma monumental inverdade.
Isso prova que permitir que exceções atropelem o conjunto legal do País representa um enorme risco ao Estado Democrático de Direito. É no mínimo inconcebível alguém se valer do calor do momento e da própria orientação sexual para justificar o cumprimento de um contrato de locação. É preciso responsabilidade e prudência para fazer valer de forma isonômica todos os direitos previstos em lei, sem que distinções encontrem espaço para prosperar.