Em uma Venezuela dividida, problemática e instável, o eleito Maduro desafia a sorte

Camisa de força – Ainda estreante como presidente oficial da Venezuela, o chofeur bolivariano Nicolás Maduro já mostrou a que veio. Nesta terça-feira (16), Maduro disse que o governo não permitirá a realização de uma passeata convocada pela oposição para uma praça do centro de Caracas.

“Agora estão planejando para amanhã uma marcha no centro de Caracas, a passeata não será permitida. Vocês não vão ao centro de Caracas enchê-lo de morte e sangue”, declarou Maduro, que culpa a oposição, liderada por Henrique Capriles, pelas sete mortes ocorridas durante a manifestação de segunda-feira (15), depois da eleição presidencial.

Eleito à sombra da fraude e com uma diferença de apenas 1,59 ponto percentual, Nicolás Maduro tentará manter o caudilhismo de seu mentor, o finado Hugo Chávez, o que ficou evidente no seu discurso em que culpou os Estados Unidos pela reação de quase metade da população venezuelana.

Ainda na noite de domingo, Maduro aceitou a proposta de Henrique Capriles para que os votos fossem recontados, mas a Justiça Eleitoral da Venezuela declarou-o eleito antes da finalização da contabilidade da eleição. Em outras palavras, Nicolás Maduro apareceu diante das câmeras como um lobo em pele de cordeiro, pois suas ordens já tinham sido disparadas nos bastidores.

Mesmo que anunciado como herdeiro político de Hugo Chávez, o novo presidente venezuelano sabe que em breve enfrentará momentos difíceis, pois lhe falta o carisma do antecessor para convencer os aliados políticos internos e manter os laços internacionais que até então respaldaram a ditadura bolivariana. Como jamais chegará a ser um protótipo de Hugo Chávez, desconsiderando a peçonha política do ex-ditador, Maduro deu os primeiros sinais de que se valerá da força para governar.

“Vou fazer frente ao fascismo, à intolerância, com mão forte. Se querem me derrubar, venham até mim, estou aqui junto ao povo e à Força Armada”, disse o eleito Nicolás Maduro, que blefa acreditando que o politburo deixado por Chávez está totalmente ao seu lado. Se em algum momento a Venezuela deixar de financiar a ditadura dos irmãos Castro, o cronômetro da derrocada será acionado no Palácio de Miraflores, há muito infestado de agentes cubanos.