Pressionado, Copom decide nesta quarta sobre juro; Selic deve subir afirma professor Samy Dana

Dúvida cruel – De olho na eleição de 2014 e precisando combater a inflação, a presidente Dilma Rousseff mudou o discurso sobre o aumento da taxa de juro, cuja decisão deve ser anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central no início da noite desta quarta-feira (17).

Pressionado de todos os lados, o Copom pode, inclusive, adiar o aumento da taxa básica de juro, a Selic, atualmente em 7,25%, ficando essa missão para a próxima reunião do colegiado, em maio. O governo erra repetidamente ao tentar reverter a crise com o consumo interno, o que acontece com a concessão de crédito de maneira não tão responsável. Isso só aumenta a inflação.

O problema maior não está na inflação em si, que o governo tenta golpear com o controle indireto dos preços, por meio de desonerações tributárias pontuais e temporárias, mas, sim, no processo inflacionário, algo que as autoridades preferem fingir desconhecimento.

O mercado financeiro está dividido em relação à medida que será adotada pelo Copom, mas aumenta o número de economistas que apostam em uma alta da Selic.

No caso de esse aumento ser moderado, o Copom mostrará ao mundo que o Banco Central não é tão independente quanto se alardeia, status que precisa ser resgatado com urgência, sob pena de a política monetária ficar a cargo das autoridades palacianas. O que é um enorme perigo se considerado o fato de que o próximo ano será de disputas eleitorais acirrada.

Professor da FGV aposta em alta da Selic

A Selic deve subir 0,25 p.p nesta quarta-feira, prevê o professor da Escola de Economia da FGV-SP, Samy Dana. “O governo já sinalizou que irá elevar a Selic na tentativa de conter a inflação. Entretanto, essa medida não vai ser eficaz, porque a economia brasileira precisa crescer e o governo precisa estimular isso de outras maneiras como a reforma tributária, investimentos em educação e infraestrutura. Além disso, a inflação deve continuar próxima do teto da meta de 6,5%, uma vez que, a maioria dos consumidores utiliza como fonte de crédito os cartões que irão continuar com juros altíssimos”, explica Dana.

O governo precisa parar de incentivar o crédito desenfreadamente e aumentar a possibilidade de produção das indústrias, estimulando a ampliação de fábricas e investimentos mais longos”, reforça o professor da FGV.

Para quem pretende investir, Samy Dana recomenda a os títulos do Tesouro indexados a inflação (NTN-Bs). “Em épocas de juros baixos, essa modalidade, garante no um juro real positivo. Outra dica é investir em bancos renomados que oferecem mais que 95% do CDI”.