Desoneração tributária do setor do etanol não garante redução de preço do combustível verde

Conversa mole – As medidas de desoneração para o setor de etanol, anunciadas com pirotecnia pelos palacianos, não significa que o preço do combustível verde cairá de preço, dependendo do mercado, como anunciou a presidente Dilma Rousseff, que reforçou que o importante é “reforçar” esse segmento da economia. “Este é um setor que veio para ficar, e nós temos que, volta e meia, ver o que pode ser feito para dar suporte aos nossos produtores”, disse a presidente.

Dilma destacou que o etanol é reconhecido em todo o planeta por poupar a emissão de gases do chamado efeito estufa e tornar mais eficiente o uso da energia. O fato de fazer parte de dois seguimentos, agronegócio e industrial, torna o etanol mais suscetível a crises. “Tanto sofre os efeitos das flutuações agrícolas, como com as características do mercado de energia”.

A presidente lembrou que o aumento para 25% da quantidade de etanol misturada à gasolina, a partir do dia 1º de maio, é um reconhecimento de que a produção do produto foi maior. Dilma explicou que a medida não provocará problemas de abastecimento, pois, atualmente, o setor é “extremamente” flexível e fácil de ser regulado. “Às vezes o preço compensa, às vezes não compensa. O fato de ser flexível é que justifica hoje nós termos dado um passo na direção da estabilidade do setor”, disse, acrescentando que o consumidor pode escolher qual combustível colocar em seu veículo.

“Quando, nos anos 80, usávamos carro a álcool, ele era inflexível. ou era álcool ou não era nada. Como [a cana] é um produto que sofre as variações do clima, uma seca ou algo assim interfere na produção da matéria-prima, nós conseguimos superar isso com a tecnologia do flex fuel”, disse a presidenta. Segundo ela, o país hoje tem a possibilidade de ter um setor de etanol com dupla função, produzindo para o mercado interno e também com condições de ser um grande exportador.

É importante frisar que a desoneração do setor do etanol não busca apenas incentivar um segmento da economia, mas evitar que o preço do produto não suba para o consumidor final, o que comprometeria sobremaneira o calcula da inflação. Como a produção de etanol oscila de acordo com a demanda do mercado internacional por açúcar, o governo preferiu beneficiar o setor, que por questões financeiras poderia optar por diminuir a produção de combustível.

Com maior quantidade de etanol adicionada à gasolina, a Petrobras deixa de importar a preços elevados o combustível derivado do petróleo para atender, de forma subsidiada, o mercado interno, que desde 2008 vem sendo invadido por automóveis novos, como se essa fosse a grande solução para um país que sofre com a falta de infraestrutura. Se a desoneração do etanol pode não chegar ao bolso do consumidor, não havia razão para acionar a pirotecnia palaciana.