(*) Carlos Brickmann –
Agora que já fizeram todas as piadas, falemos sério: por que o ex-presidente Lula não pode escrever no grupo jornalístico The New York Times? Certo, não é ele que vai escrever; mas quando Barack Obama assina um artigo, também não é ele que escreve. É sempre alguém de sua equipe, com tempo para pesquisar cada uma das informações e verificar a possibilidade de ser mal interpretado. Tanto Lula quanto Obama, ou Vladimir Putin, ou Nelson Mandela, dizem qual o tema e quais suas ideias; e o redator faz o texto, que depois será aprovado por quem o assina. É assim que funciona – menos no caso da presidente Dilma, que faz seus textos de improviso ou o redator não entende o que ela disse, o que dá na mesma.
Lula tem histórias para contar. Pena que certamente evitará as mais interessantes, como aquela que o mantém longe de entrevistas há mais de cinco meses. Como Cartola não chegou a dizer, não são só as Rosas que não falam. Lula tem segredos que, se revelados, mudarão a História do Brasil – por exemplo, quando estourou o caso do Mensalão, disse que tinha sido traído. Nunca antes nesse país um presidente teve como contar, em inglês, quem o traiu. Será uma surpresa genuína, uma cunha no muro de silêncio dos mensaleiros e de seu boy. Imagine se contar como é que Eike Batista chegou ao fundo do poço e lá não havia petróleo?
Quem reclama da presença de Lula no NYT está é com dor de cotovelo. Todo mundo (este colunista também) adoraria ter recebido um convite como este.
Mas há um sério problema a resolver: como é que se diz “menas” em inglês?
Até ele viu
Até o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a Poliana da economia brasileira, descobriu que a situação está longe de ser cor de rosa: a receita do Governo caiu 0,5%, as despesas subiram 11,5%, os investimentos oficiais ficaram onde estão, pequeninos, o superávit primário, aquele dinheirinho que o Governo economiza para pagar os juros dos empréstimos que financiam sua gastança, caiu 41,5%.
Até Delfim Netto, que hoje consegue ser mais dilmista e lulista do que o companheiro Paulo Maluf, escreveu que a situação fiscal e o equilíbrio das contas externas “apresentam alguns sinais nebulosos cuja evolução exige cuidado”.
E vai rolar…
Para onde vai o dinheiro? Em Brasília, o governador Agnelo Queiroz, do PT, destinou pouco mais de R$ 5 milhões para capas de chuva, que serão usadas pelo pessoal de segurança da Copa das Confederações. Coisa meio esquisita:]
1 – É quatro vezes mais do que se vai gastar com armas para a Polícia;
2 – A Copa se realiza entre 12 de junho e 13 de julho, bem na época da seca.
…a festa
A Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, no Ceará, decidiu que os vereadores terão 90 dias de férias por ano – com salários integrais, que o contribuinte terá o prazer de pagar. É pouca vergonha, mas é muito dinheiro.
A justificativa é que Suas Excelências precisam de mais tempo para visitar as bases eleitorais.
O poeta da ciência
Quando a Rede Bandeirantes lançou, há muitos anos, o Encontro com a Imprensa, que viria a ser um de seus programas mais premiados, entrevistou o professor e sambista Paulo Vanzolini.
Este colunista saiu da conversa preliminar com o maxilar doendo, de tanto rir. Vanzolini, um dos grandes músicos do país (Ronda, Volta por Cima, Samba Erudito), foi também um dos nossos grandes zoólogos, responsável por centenas de descrições de animais ainda desconhecidos, uma das principais figuras do Museu da Zoologia da Universidade de São Paulo, um dos idealizadores da Fapesp, Fundação de Amparo à Pesquisa.
Só? Não: um de seus amigos, Sérgio Buarque de Holanda, tinha um filho que costumava assistir a suas conversas com o pai. Vanzolini era capaz de falar em rimas insistentes, que o garoto Chico adorava – e que adotou em seus sambas.
O crime na Internet
Diretores de duas grandes empresas de segurança na computação em nuvem, a Trustwave e a Trend Micro, debatem dos dias 7 a 9, com empresários e especialistas em Tecnologia de Informação, os pontos vulneráveis da Internet e as novas técnicas utilizadas pelos bandidos do setor – os cibercriminosos. Os encontros ocorrem em Florianópolis, no Floripa Tic’s Forum, promovido pela Dígitro.
Apreendendo e soltando
O “dimenó” que queimou viva uma dentista porque ela só tinha R$ 30,00 na conta já tinha sido detido cinco vezes, quatro delas por tráfico de drogas. Em todas foi liberado rapidamente, sem punição, pronto para cometer a atrocidade.
A casa caiu
As prisões atingiram gente graúda: por ordem do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, a Polícia Federal desfechou a Operação Concutare, nas cidades gaúchas de Caçapava do Sul, Canoas, Caxias, Pelotas, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, São Luís Gonzaga e Taquara, e em Florianópolis, SC. Foram presas, por irregularidades na concessão de licenças ambientais, 18 pessoas – como o secretário estadual e dois ex-secretários gaúchos do Meio-Ambiente, um secretário municipal de Porto Alegre, empresários.
É caso grande: a lista pode aumentar.
(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.