Alça de mira – Diversas associações, organizações não governamentais (ONGs) e organismos internacionais patrocinaram na última sexta-feira (3) atividades e reflexões em todo o planeta para celebrar os 20 anos do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), associação com sede em Nova York, divulgou na quinta-feira (2) um relatório que aponta aumento na impunidade de crimes cometidos contra jornalistas no Brasil, na Somália e no Paquistão.
O relatório Índice de Impunidade do CPJ analisa os assassinatos de jornalistas ocorridos de janeiro de 2003, primeiro ano da série, até 31 de dezembro de 2012, que permanecem sem solução. Os países que apresentam mais de cinco casos não resolvidos aparecem na lista. O levantamento divulgado este ano inclui os casos que ficaram impunes no ano passado e apresenta 12 países. O Brasil ocupa a décima posição no ranking com nove assassinatos sem solução, em todo o período analisado.
O dado que mais preocupa, segundo o relatório, é que os casos envolvem jornalistas de pequenos veículos fora dos grandes centros e também blogueiros independentes. A Somália tem 23 casos não resolvidos. O assassinato de jornalistas diminuiu no Iraque, Sri Lanka, México, na Colômbia e no Afeganistão. Mas o Iraque ainda é o país com maior impunidade, com mais de 90 jornalistas assassinados.
O estudo leva em conta a quantidade de crimes e a densidade populacional. Assim, a Somália aparece em segundo lugar, com 23 casos e população de 9,6 milhões de habitantes. Em terceiro aparece as Filipinas com 55 assassinatos e população de 94,9 milhões.
Também entram no ranking: Sri Lanka, Colômbia, Afeganistão, México, Paquistão, Rússia, Brasil, Nigéria e Índia. Dez dos 12 países aparecem no índice desde o início da série. O Brasil esteve ausente em 2010 e a Nigéria aparece pela primeira vez este ano.
Com sede em Genebra, a organização não governamental Press Emblem Campaing (PEC), que trabalha em prol da liberdade de imprensa, calcula que 39 jornalistas foram assassinados no mundo, de janeiro até agora. O país mais violento foi o Paquistão com nove casos, seguido pela Somália, com a morte de cinco repórteres.
Em um comunicado divulgado ontem (2), o secretário-geral da PEC, Blaise Lempen, avalia que houve redução na intimidação dos jornalistas em alguns países.
“Mas, lamentavelmente, a situação continua sombria em outros, devido aos problemas de acesso a zonas de conflito, como no caso da Síria”, explicou, referindo-se a informação de quatro jornalistas assassinados em território sírio.
Foi neste contexto que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o governo da Costa Rica organizaram uma conferência internacional com o tema “Falar sem Risco: pelo Exercício Seguro da Liberdade de Expressão em Todos os Meios”.
O evento é realizado na capital do país, San José, onde também se encontra a sede da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Realidade verde-loura
No Brasil, a pressão exercida sobre jornalistas que contrariam os donos do poder é recheada de detalhes de sordidez e covardia. Antes da consumação da morte, alguns profissionais da imprensa enfrentam verdadeiras sessões de tortura psicológica, provocada por ações de todos os matizes, como perseguição de familiares, monitoramento cibernético constante, grampeamento de telefones e telemático e estrangulamento financeiro por vias indiretas.
Viver nessa situação não é tarefa fácil e exige não apenas preparo psicológico, mas conhecimento de estratégias para evitar armadilhas das mais distintas, que vão desde acidentes automobilísticos de encomenda a intimidação, passando por ameaças telefônicas. (Com informações da Agência Brasil)