Jogo duplo – Durante a cerimônia palaciana em que foi empossado como ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, que é vice-governador de São Paulo, disse, nesta quinta-feira (9), que não serve a “dois senhores”. Discurso filosófico, mas que não explica a traição política cometida com Geraldo Alckmin e o PSDB.
“Eu não sirvo a dois senhores, eu sirvo a uma causa que os dois senhores concordam”, disse Afif ao referir-se a Alckmin e à presidente Dilma Rousseff.
Agora engrossando as fileiras do PSD, Guilherme Afif, que por enquanto acumulará cargos, disse que um vice “não se licencia” e que só renunciará à sombra de ordem judicial.
“Um vice já é licenciado porque ele é stand by. O que ocorre é exatamente o fato de que o vice é eleito e, sendo eleito, renúncia é um fato muito grave”, disse Afif após evento no Palácio do Planalto.
Perguntado se a sua chegada à Esplanada dos Ministérios significava o ingresso do PSD no governo Dilma, o ministro disse que não. “O PSD tem uma grande tendência a apoiar a reeleição da presidente Dilma sem que isso signifique troca de cargos. A minha indicação ficou muito clara, é pela história, pela biografia e afinidade com o tema”, afirmou. Ora, essa desculpa é no mínimo esfarrapada, pois a presidente chegou a convidar oficiosamente a empresária Luiza Trajano (Magazines Luiza) para assumir o cargo, mas a conversa não avançou.
O novo ministro tenta justificar o injustificável e por isso rebusca o discurso, mas a sua atitude é politicamente imperdoável, muito mais do que o ato da renúncia. Guindado à equipe de Dilma Rousseff por causa de um acerto espúrio entre o PT e o ex-prefeito Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, Afif é o Cavalo de Troia que os petistas instalaram no Palácio dos Bandeirantes.