PF desmonta esquema de corrupção no Acre, mas governador se limita a divulgar nota à imprensa

Boca de siri – Política não é seara de milagres e nenhum candidato investe fortuna em campanha eleitoral por diletantismo. Cargo eletivo é negócio rentável e não há quem queira perder a chance de ganhar um pouco a mais, mesmo correndo o risco de ser flagrado diante do corpo estendido no chão. A única diferença entre um caso e outro está no modus operandi utilizado pelos protagonistas do crime.

Com a chegada do PT ao poder central, inaugurou-se no País a era das lambanças, sempre acompanhadas do discurso embusteiro de que qualquer crítica aos escândalos de corrupção é tentativa de golpe das elites. Invenção marota de Lula para camuflar suas estripulias e outras tantas da “companheirada”.

Na manhã desta sexta-feira (10), a Polícia Federal deflagrou a Operação G-7 e prendeu no Acre alguns dos acusados de envolvimento em um esquema de fraude em licitações públicas.

Ao cumprir os 34 mandados de busca e apreensão e 15 de prisão expedidos pela Justiça, a PF encarcerou o secretário de Obras do Estado, Wolvernar Camargo; o secretário de Gestão Municipal, Luis Antônio Rocha; o diretor de análises clínicas da Secretaria Estadual de Saúde e sobrinho do governador Tião Viana (PT), Thiago Paiva; o ex-secretário de Habitação do Estado, Aurélio Cruz; o diretor do Departamento de Pavimentação e Saneamento (Depasa), Gildo César; o empreiteiro e ex-presidente da Federação da Indústria do Acre (Fieac), João Francisco Salomão; e os empreiteiros Sérgio Murata, Narcísio Mendes Júnior e Adriano Silva.

De acordo com a Polícia Federal, pelo menos sete construtoras eram investigadas desde 2011, por suposta participação em esquema para fraudar licitações em obras públicas do governo estadual.

Os envolvidos no esquema criminoso responderão por formação de cartel, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, fraude em licitação, formação de quadrilha e desvio de recursos públicos.

Em nota distribuída à imprensa, o governador Tião Viana afirmou que é contra a corrupção, destacando que o governo é “absolutamente transparente no exercício de suas funções e intransigente na defesa dos valores morais da função pública e pessoal”. Dificilmente Tião Viana não sabia da atuação criminosa da quadrilha, mas é temerário afirmar que o governador foi conivente com o grupo.

Esse discurso malemolente de ser contra a corrupção já perdeu o prazo de validade e não cabe em um país que na última década foi dragado pela deliberada transgressão dos donos do poder central. Fosse Tião Viana um crítico ferrenho da corrupção, por certo teria deixado o Partido dos Trabalhadores por ocasião do escândalo do Mensalão. Viana não apenas continuou na legenda, como defendeu Lula e alguns mensaleiros enquanto senador.

O mais interessante é que até o momento nenhum petista surgiu em cena para condenar a prática criminosa que teve como palco um estado que é diuturnamente esquecido pelas autoridades federais e carece de todos os tipos de recursos, começando por investimentos para debelar de vez as enchentes que regularmente transformam a capital Rio Branco em uma espécie de Veneza tropical.

Tivesse acontecido essa operação da Polícia Federal em um estado governado por algum adversário político, o PT já teria promovido uma enorme e ruidosa gritaria. Eis a diferença entre a oposição de outrora e a dos tempos atuais.