Votação da MP dos Portos na Câmara fica para terça-feira e Planalto já tenta escapar da responsabilidade

Tiro no pé – Diante da promessa de alguns partidos políticos de obstruir a sessão desta segunda-feira (13), o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), decidiu transferir para a terça-feira (14), às 11 horas, a votação da Medida Provisória 595, que trata da modernização dos principais portos brasileiros.

A MP dos Portos, que perde sua validade legal na próxima quinta-feira (16), transformou-se em alvo de polêmica depois que o deputado federal Anthony Garotinho (RJ), líder do PR, acusou no plenário da Casa que alguns parlamentares teriam recebido dinheiro de empresários interessados em modificar o texto enviado ao Congresso pela presidente Dilma Rousseff.

No olho do furacão está o deputado Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Casa e autor de emenda aglutinativa que contraria os interesses do Palácio do Planalto. Com a transferência da votação, a MP corre o risco de caducar, obrigando o governo de Dilma Rousseff a encontrar uma saída para um dos vértices do apagão logístico que afeta o País.

Como o ucho.info antecipou, sem citar nomes por causa de decisão arbitrária da Justiça do Rio de Janeiro, a MP dos Portos corria o risco de acabar provocando uma enorme polêmica, com direito a acusações sérias nos bastidores do poder. A operação foi orquestrada por um conhecido empresário que tem interesse no setor portuário e pretende preservar o seu quinhão.

A MP 595 tem tudo para não ser votada até a próxima quinta-feira, situação que obrigará o governo a assumir mais um indesejável ônus. Enquanto a queda de braços ganhava novos contornos, Dilma Rousseff despachou ao Congresso Nacional a chefe da Secretaria de Relações Institucionais, ministra Ideli Salvatti, que já começou tentar tirar o governo do alvo da culpa. Ideli disse aos jornalistas que é preciso votar com urgência a Medida Provisória em questão, pois o País não mais suporta as enormes filas nos portos.

É bom esclarecer que a eventual da MP não funcionará como uma varinha de condão, eliminando de vez o nó logístico que ganha o Brasil de norte a sul e compromete a competitividade nacional. Entre a aprovação da Medida Provisória e algum tipo de melhoria do setor, o cidadão deve esperar três anos ou mais. Até porque, a transferência da operação dos portos para o setor privado dependerá de aprovações de um colegiado formado por dez órgãos públicos.

Resumindo, o que o governo do PT busca com essa MP é ludibriar a opinião pública, salvando o projeto de reeleição de Dilma Rousseff.