Polêmica sobre MP dos Portos mostra o cenário de degradação que toma conta da política nacional

Política de quinta – O Brasil está mergulhado em uma crise preocupante, por toda parte há penduricalhos legislativos aguardando solução e o Palácio do Planalto insiste em fazer do Congresso Nacional um espúrio balcão de negócios, como se o governo pudesse agir como senhor de lupanar.

Guindada à Secretaria de Relações Institucionais da Presidência por questões de acomodação partidária, a ineficiente ministra Ideli Salvatti não foge à regra dos companheiros de legenda e abusa da retórica embusteira. Com o País vivendo sob o manto de um apagão logístico, Ideli, no último minuto da prorrogação surge em cena para afirmar que é impossível conviver com filas de caminhões e navios no entorno dos portos brasileiros. Ou seja, a sempre inábil ministra descobriu o óbvio, que não será resolvido com a aprovação de uma Medida Provisória que chegou de afogadilho na polêmica da votação.

Diante do baixo quorum e do risco que seria forçar a votação da Medida Provisória 595, que prevê a modernização dos portos, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), suspendeu a sessão da noite de segunda-feira (13), convocada com urgência por imposição do governo e às custas do suado dinheiro do contribuinte. O risco maior na noite de ontem era a ameaça de obstrução feita por alguns partidos que fazem exigências em relação à MP, como mudanças no texto, a prevalência de uma emenda aglutinativa e investigação das denúncias de corrupção envolvendo a matéria.

Pressionado por um cronômetro que deixará de funcionar na próxima quinta-feira (16), quando a MP dos Portos perde sua validade legal, Henrique Alves convocou para as 11 horas desta terça-feira (14) sessão com o fim específico de votar a matéria. Na hora marcada, quando todos os parlamentares deveriam estar no Congresso, o plenário da Câmara dos Deputados tinha um pífio número de deputados. Enquanto a TV Câmara exibia aos brasileiros uma cena desoladora, líderes partidários estavam reunidos em busca de acordo que tem como base o escambo político.

Às 13h15 desta terça-feira, o plenário da Câmara registrava a presença de 249 parlamentares, menos da metade do contingente da Casa, que é de 513 deputados. Em outras palavras, uma bofetada na sociedade, que madruga diariamente para financiar negociadores amorais que sob o mandato eletivo escondem lama em que se transformou a política nacional.

A maioria dos partidos, por determinação das respectivas lideranças, aprovou a retirada da MP de pauta, mas um pedido de verificação de quorum, que exige a votação nominal, poderá mostrar ao País a degradante situação em que vive o Parlamento. Imaginar que o Brasil um dia sairá do marasmo no vácuo desse cenário é o que se pode chamar de sonho de uma noite de verão.

O que os brasileiros não devem aceitar é que seus representantes no Congresso Nacional, eleitos legal e democraticamente, sejam comandados por seus líderes como se fossem reses na fila do abate, pois tal situação avilta a cidadania e amplia o mal cheiroso balcão de negócios comandado pelo governo do PT, que ainda não desistiu de seu projeto totalitarista de poder.