(*) Carlos Brickmann –
Do ex-presidente Lula, em São Paulo, no lançamento de um livro de louvação a seu Governo: “Não existe político irretocável do ponto de vista do comportamento moral e ético”. Lula conhece a política e os políticos. É um bom político.
Mais de Lula, no mesmo evento: “Quando vocês não acreditarem em mais ninguém, no Lula, no Haddad, na Dilma, em ninguém, nem no Paulo Maluf, ainda assim, pelo amor de Deus, não desistam da política”.
O evento do livro sobre Lula se realizou no Centro Cultural de São Paulo.
Acredite: nos anúncios do PT, agora, quem apareceu foi o deputado federal José Genoíno, condenado pelo Supremo Tribunal Federal no processo do Mensalão, por corrupção ativa e formação de quadrilha. É membro da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Genoíno falou sobre a urgente necessidade da reforma política. Há que concordar com Sua Excelência: a reforma política, como demonstra o próprio caso de Genoíno, é urgente e extremamente necessária.
Da presidente Dilma Rousseff, em discurso na posse do presidente da Associação Comercial de São Paulo: “Porém esse processo está sub judice, e a MP que define essa parte, essa parte dos royalties que é royalties, participações… essa parte da lei, aliás royalties, participações especiais e os recursos do pré-sal, destina à educação… essa lei, ela está parada porque ela está sub judice. O Supremo Tribunal está avaliando essa questão, se é ou não é inconstitucional ou não.”
Quem sabe, sabe. Quem souber traduzir esta frase, conte para esta coluna.
Vice e ministro
A nomeação do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, para o Ministério da Pequena e Média Empresa, leva a duas boas conclusões:
1 – se Afif pode trabalhar ao mesmo tempo em São Paulo e Brasília, morando em São Paulo e dando expediente em Brasília, nos intervalos entre uma posse e outra no Governo paulista, está comprovado que vice-governador não tem função. Quando as comunicações eram difíceis e os transportes lentos, vá lá; o vice era essencial para manter as coisas funcionando quando o governador viajava. Hoje, para o bem ou para o mal (e o governador é Alckmin!), ele pode governar de onde quer que esteja. Se tiver de ser substituído definitivamente, o presidente da Assembleia pode assumir por alguns dias, até que o novo governador seja eleito. Para que vice? Só para gastar ainda mais dinheiro público?
2 – pelo mesmo motivo, já que o trabalho pode ser interrompido numa boa para que o ministro assuma o Governo paulista, fica comprovado que o Ministério criado para ele não terá função. Se o tal ministério fosse necessário, o ministro teria de dedicar-lhe todo seu tempo. Pense, por exemplo, na possibilidade de o ministro Mantega licenciar-se de tempos em tempos para assumir outro cargo (ou melhor, nem pense. Cada caso é um caso, e aí todos ficariam felizes!).
Terra do samba e pandeiro
Da coluna Informe, em O Povo, do Rio, do antenadíssimo Aziz Ahmed:
“É intrigante a certeza dos quatro deputados mensaleiros condenados pelo STF de que não irão para o xilindró”.
Governo, tremei!
O senador Aécio Neves deve ser escolhido, neste sábado, presidente nacional do PSDB. Aécio é o candidato tucano mais provável à sucessão de Dilma Rousseff. Para que se tenha uma ideia da importância de seu novo cargo, Aécio será o sucessor do deputado Sérgio Guerra, de Pernambuco.
Dá uma boa ideia, não é?
Cultura é cultura…
O presidente alemão Joachim Gauck, que veio ao Brasil para abrir o Ano Brasil-Alemanha, foi homenageado com um concerto no Teatro Municipal de São Paulo, executado por uma orquestra mista de jovens brasileiros e alemães. A presidente Dilma Rousseff, presa a outros compromissos, enviou para representá-la a ministra da Cultura, Marta Suplicy. Marta, esplendidamente bem vestida, fez um discurso formal de saudações ao visitante. E – surpresa! – saiu discretamente quando a orquestra terminou a segunda música.
…educação é educação
Só que, com seu magnífico vestido verde, Marta não tinha como não ser vista. Um diplomata alemão comentou que, normalmente, a autoridade local não deixa sozinho o visitante. No Brasil também não: a presidente Dilma recebeu condignamente o presidente venezuelano Nicolás Maduro, aguardando-o com paciência e gentileza mesmo quando ele se atrasou duas horas para a reunião com ela.
E manteve as aparências até ao receber de presente aquele retrato de Hugo Chávez.
Marcação por pressão
Não imagine que o quadro sucessório já esteja montado: Dilma e Lula estão marcando por pressão, no campo adversário. Em um Estado, o Ceará, o PSB de Eduardo Campos não aceita sua candidatura (os irmãos Cid e Ciro Gomes estão com Dilma). Em Goiás, Junior do Friboi, que estava com Eduardo Campos, passou para Dilma – não tem votos, mas pode ajudar muito a campanha. Para minar Aécio, o PT chegou até a elogiar Serra. Para Marina, criam dificuldades políticas.
O objetivo é chegar ao início da campanha com a eleição já garantida.
(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.