Brasil e EUA inauguram nova era de parcerias, afirma o vice Joe Biden

Gringo na área – A presidente Dilma Rousseff recebeu nesta sexta-feira (31) o vice-presidente americano, Joseph Biden, no Palácio do Planalto. A conversa, que durou cerca de uma hora, concentrou-se na cooperação nas áreas de defesa, ciência, tecnologia, energia e educação.

Os dois países mantêm relações comerciais que chegam a U$ 100 bilhões ao ano, o que faz dos Estados Unidos o segundo maior parceiro do Brasil, atrás apenas da China. Em declaração à imprensa antes de deixar o país, Biden disse que os EUA – primeira economia do mundo – e o Brasil – que hoje ocupa a sétima posição – têm todas as condições de aumentar em até cinco vezes o volume de comércio.

“Nós falamos sobre como remover barreiras ao comércio e oferecer mais certezas para investidores nos dois países”, disse Biden, que também se encontrou com o vice-presidente Michel Temer em Brasília. “Mas palavras não nos levarão lá, temos muito trabalho para fazer até o final do ano para tornar essa promessa uma realidade.”

O chanceler Antônio Patriota avaliou que as relações entre os dois países estão em nova fase: “Agora o que se está tentando construir é uma relação ainda mais madura, que tenha como foco parcerias em áreas que incluem ciência, tecnologia, inovação, educação e defesa também”.

Parcerias

Biden e Temer destacaram a importância de parcerias educacionais, como o programa Ciência sem Fronteira, que hoje mantém, com bolsas de estudos, mais de 5 mil estudantes brasileiros espalhados por 46 estados americanos.

Biden atribuiu parte do sucesso americano à abertura a povos estrangeiros. Ao lembrar os recentes esforços para aumentar a capacidade de atendimento das unidades consulares americanas no Brasil, ele disse que o país tem todo o interesse em receber cada vez mais visitantes. A dispensa de vistos para turistas brasileiros é um dos pontos da agenda bilateral.
O setor de energia também teve destaque na visita. Joe Biden falou das potencialidades de troca de experiências nas áreas de gás natural e petróleo.

Também ganhou espaço o modelo brasileiro de combate à violência contra a mulher. “Trazer à luz o abuso de mulheres é a melhor estratégia para acabar com o problema”, disse Biden, ao elogiar a experiência brasileira na área.

Segundo Michel Temer, a situação na Síria e o conflito entre palestinos e israelenses também foram discutidos. “Salientamos a absoluta coincidência das posições do governo brasileiro e do americano [nesses temas]”, afirmou o vice-presidente.

Rio de Janeiro

A primeira parada do vice-presidente americano no Brasil foi na cidade do Rio de Janeiro. Lá, Biden visitou a comunidade pacificada Dona Marta, no bairro de Botafogo. Após a visita, ele disse, em discurso na zona portuária do Rio, que percebe mudanças na América Latina.

“Há agora 275 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe que fazem parte da classe média. Se olharmos tendo em perspectiva as últimas três ou quatro décadas, é verdadeiramente espantoso. As coisas estão mudando”, disse.

Ele afirmou que o momento atual marca uma “nova era” nas relações entre os Estados Unidos e as Américas, atribuindo ao Brasil o papel de parceiro “mais significativo”. Ao lembrar a posição de sétima economia do mundo ocupada hoje pelo Brasil, Biden citou o combate à inflação, programas de distribuição de renda e moradias populares, que passaram a ser referência em outros países como Gana e Guatemala.

Joe Biden também aproveitou o momento para reforçar a posição do governo de que o país “está saindo de sua recessão mais profunda desde a Grande Depressão”, citando, entre outros resultados, a criação de empregos como sinal de recuperação.

Ainda no Rio de Janeiro, o vice-presidente americano visitou as instalações da Petrobras e conversou com a presidente da empresa, Graça Foster, sobre cooperação energética. Também na capital fluminense, desta vez na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Biden manteve encontro com representantes de empresas como Chevron, Boeing e Odebrecht.

Dilma nos EUA

A visita de Joe Biden também serviu para preparar a visita da presidente Dilma Rousseff aos EUA em outubro deste ano. Será a primeira visita de Estado de um presidente brasileiro desde 1995, quando Fernando Henrique Cardoso foi recebido pelo então presidente Bill Clinton.

Dilma será a primeira líder a ser recebida com honrarias de Estado nos EUA no segundo mandato de Barack Obama. Em geral, apenas um líder estrangeiro recebe esse tipo de tratamento ao ano, o que significa, de acordo com Biden, que os Estados Unidos consideram importante a relação com o Brasil. (DW)