Protestos contra a gastança do dinheiro público com obras da Copa do Mundo são tardios e inócuos

Fora do prazo – Nos últimos dias, as redes sociais exibiram inúmeras mensagens sobre o eventual despertar da sociedade brasileira. Assim têm sido interpretados os recentes protestos que até então ocorreram em muitas cidades do País.

Sem fugir do já folclórico “deixando para a última hora”, os brasileiros decidiram protestar no último minuto da prorrogação. Em relação aos recentes protestos contra a realização da Copa do Mundo, o ucho.info alertou para a irresponsabilidade em 31 de outubro de 2007, dia em que a FIFA anunciou que o Brasil sediaria a edição de 2014 do evento futebolístico.

À época, o povo encheu as ruas na esteira de comemorações ufanistas, enquanto este site era alvo de críticas disparadas de todas as regiões do País. Nos últimos seis anos, mantivemos a posição em relação à Copa do Mundo, pois é inconcebível que uma nação que navega conviva com problemas de toda ordem abra os cofres oficiais de forma irresponsável para custear um evento que dura no máximo um mês e traz retorno pífio, se considerado o gigantismo do investimento.

Se governar exige doses mínimas de planejamento, o que falta de maneira inconteste aos inquilinos do Palácio do Planalto, protestar é uma ação que só tem efeito se existir visão de longo prazo de quem se manifesta. De nada adianta, a essa altura, culpar o governo pelos investimentos nas obras para a Copa do Mundo. Essa manifestação deveria ter acontecido no minuto seguinte ao anúncio da FIFA, mas a fuzarca sufocou a lógica.

Com o estrago consumado, não resta ao País outra saída que não seguir adiante nessa tremenda irresponsabilidade que é a realização de uma Copa do Mundo. A falta de interesse da sociedade em relação às questões políticas permitiu, por exemplo, que os cofres oficiais fossem sangrados em R$ 10 bilhões ou mais para a construção de estádios, alguns dos quais verdadeiros “elefantes brancos” desde o assentamento do primeiro tijolo.

Que o povo deleite-se com as atitudes ilógicas de um governo que é adepto confesso da política do pão e circo, cortina de fumaça para a implantação de um projeto totalitarista de poder.