Com os nervos à flor da pele, Dilma convoca reunião de emergência e acompanha racha no PT

(Foto: André Dusek - Estadão)
Ditadura encastelada – Acuada diante da inesperada propagação dos protestos por mais de cem cidades brasileiras, a presidente Dilma Rousseff convocou uma reunião de emergência para a manhã de sexta-feira (21). O encontro, marcado para as 9h30 no Palácio do Planalto, servirá para a presidente discutir com seus assessores as medidas a serem adotadas para minimizar o estrago. Um pronunciamento oficial de Dilma Rousseff, em cadeia de rádio e televisão, não está descartado.

Independentemente da decisão a ser tomada em palácio, a grande questão está no racha que se instalou na cúpula petista. Muitos integrantes o “oficialato” do partido estão criticando duramente a decisão tomada pela direção de aderir aos protestos. Em São Paulo, militantes do PT e de outras legendas foram encurralados pelos manifestantes e tiveram as bandeiras incendiadas. No Rio de Janeiro, foram agredidos por grupos de manifestantes que insistem em manter o caráter apartidário do movimento.

Governador da Bahia, o petista Jaques Wagner é um dos críticos da decisão anunciada pelo presidente do partido, Rui Falcão, e que surgiu do encontro de Dilma, Lula e o marqueteiro João Santana, em São Paulo. “É correto o PT não hostilizar nem criminalizar o movimento. Agora, precisa saber como entra. Não pode engrossar uma coisa difusa. Tenho medo dessa glamourização”, disse Jaques Wagner ao criticar o adesismo de última hora do PT.

Dilma Rousseff tem sido duramente criticada por companheiros de partido que discordam da sua postura fechada e da falta de interlocução com setores da sociedade. Há no PT um grupo que cobra uma ampla e imediata reforma ministerial, o que colocaria o governo da neopetista na rota do abismo.

A falta de convergência de opiniões no momento de grave crise política confirma o descontrole que tomou conta do País. Depois de 72 horas da primeira grande manifestação nacional, ocorrida na última segunda-feira (17), Dilma Rousseff faz apenas uma citação sobre os protestos. Ou seja, o imobilismo de Dilma e o racha no PT são o combustível que faltava para que o Brasil seja incendiado pelo desejo de mudança.