Blatter deixa o Brasil assustado com os protestos e não descarta cancelar a Copa das Confederações

Marca do pênalti – Há dias, quando o clamor das ruas começava a dominar o cenário nacional, o presidente da FIFA, Joseph Blatter, disse que a entidade não impôs a realização da Copa de 2014 ao Brasil, mas que o governo Lula insistiu para realizar no País o maior evento do futebol planetário.

No momento desta declaração, que passou quase despercebida, estava decretada uma perigosa queda de braços entre os cartolas e os integrantes de um governo incompetente e paralisado, cuja obra maior ao longo de dez anos foi uma sequência de casos de corrupção.

Em 31 de outubro de 2007, quando a FIFA anunciou que o Brasil sediaria a Copa de 2014, pouquíssimos jornalistas brasileiros engrossaram o coro contra a decisão, começando pelo editor do ucho.info. Aquele dia foi marcado por um enorme equívoco da FIFA e uma colossal irresponsabilidade por parte do governo brasileiro, mas o País saiu às ruas para comemorar. De volta da algazarra, os incautos nos dispensaram os mais variados impropérios, mas mantivemos nossa opinião, pois o Brasil jamais reuniu condições para abrigar um evento de tamanha magnitude.

Não se trata de torcer contra o Brasil, como nos acusou Lula e alguns leitores, mas de reconhecer a realidade do país em que vivemos. Não se pode aceitar a ideia de sediar um evento esportivo bilionário, enquanto pessoas morrem de fome ou nas filas dos hospitais públicos. Essa incoerência que marca o governo atual foi abafada pelo ufanismo que incensou a teoria do pão e circo, vociferada de chofre por Lula, que ainda em território suíço disse que o Brasil realizaria a maior e melhor Copa de todos os tempos.

Considerando que é curta a validade dos discursos de nove entre dez integrantes do governo de Dilma Rousseff, a realidade sobre as Copas (Confederações e do Mundo) demorou a vir à tona. O melhor que pode acontecer ao Brasil é que as autoridades se entendam com os dirigentes da FIFA, pois o estrago na imagem do País com o eventual cancelamento da Copa será colossal. Provavelmente muito maior do que os muitos bilhões de reais gastos até agora com as obras.

FIFA: combinado não é caro

A realidade é dura, mas não se pode acusar a FIFA de ultrapassar os limites do bom senso. Quando aceitou sediar a Copa do Mundo, o governo brasileiro concordou com todas as condições impostas pela entidade maior do futebol. Entre essas imposições está o direito de a FIFA ser indenizada em caso de cancelamento do evento, principalmente por não manutenção da ordem local ou atraso nas obras.

A ingerência da FIFA aconteceu em todos os países onde o evento já foi realizado. Só aceita essas condições o país cujos governantes entendem ser plausível o devido cumprimento das mesmas. É uma relação de risco que é explicitada antes mesmo de a candidatura ser apresentada à entidade.

Se o cancelamento da Copa das Confederações for a decisão derradeira de Joseph Blatter, o governo brasileiro não terá o que fazer. E se isso acontecer, os dias de Dilma Rousseff no Palácio do Planalto estarão contados. Evitar essa hecatombe política só mesmo com muita conversa e disposição para negociar. E negociação sempre vem acompanhada do tilintar da máquina registradora, do ranger da porta do cofre.

Barril de pólvora

O hotel onde está hospedada a direção da FIFA, no Rio de Janeiro, tem sido palco de constantes protestos, o que tem assustado os cartolas. Em Salvador, dois veículos da entidade futebolística foram destruídos. Essa conjunção de fatos fez com que Joseph Blatter viajasse à Turquia, com a desculpa de acompanhar as partidas da Copa Sub-20.

A seleção italiana, que deve enfrentar o Brasil no próximo sábado (22), quer deixar o País e abandonar a competição. Temerosos com o que pode acontecer no rastro das manifestações, familiares de alguns jogadores já retornaram à Itália, enquanto o restante aguarda para as próximas horas uma decisão dos dirigentes da Federação Italiana.

O exemplo da África do Sul

Sediar uma Copa do Mundo não é tarefa simples, mas só um país sem problemas e complexidades deveria se candidatar ao feito. Na África do Sul, onde aconteceu a Copa de 2010 e sobram problemas sociais, estádios construídos com o suado dinheiro dos sul-africanos estão na fila da demolição, o que é uma pena se considerarmos a grandiosidade das obras.

O estádio da Cidade do Cabo é um espetáculo à parte, não sem antes ser uma homenagem à logística e ao planejamento. O torcedor que comprou o ingresso para a Copa de 2010 sabia antecipadamente onde tomar o ônibus, que o deixava a alguns passos do local exato em que se sentaria no estádio.

A irresponsabilidade do governo

Nos últimos dez anos, o PT brincou de governar. Lula e seus estafetas se valeram da pirotecnia palaciana para manter nas alturas os índices de aprovação de um governo que sempre foi movido pela mitomania.

Quando o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, externou sua preocupação com o caos que imperava os aeroportos brasileiros, Lula chamou-o, de forma transversa e inominada, de “idiota”. Algo típico de um desqualificado que por causa de um mandato eletivo se compara a Jesus Cristo.

O tempo passou e a paralisia nas obras da Copa voltou a preocupar Valcke, que na ocasião sugeriu que o Brasil precisava de um “chute no traseiro”. A declaração transformou-se em um incidente diplomático, que àquela altura poderia evitado que o País escapasse de um vexame maior e que está a um passo de se tornar realidade. Até mesmo o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, criticou duramente o secretário da FIFA, com quem deixou de conversar durante alguns meses, tudo no melhor estilo menina mimada e emburrada.

O calendário avançou e nada do que foi prometido foi cumprido. Recentemente, autoridades brasileiras reconheceram que muitas das obras de melhoria e expansão nos aeroportos brasileiros não ficarão prontas até a Copa. Mesmo assim, Jérôme Valcke sofre constrangimentos em quase todos os lugares que visita no Brasil.