Tucanos não combinam críticas ao pacto do governo e Alckmin diz que encontro com Dilma foi proveitoso

Voz desafinada – O PSDB insiste em provar, dia após dia, que faz jus à folclórica pecha de ser um partido que sempre está em cima do muro. A situação piora quando os integrantes da legenda deixam de combinar o discurso, o que evitaria análises antagônicas sobre um mesmo assunto.

Na terça-feira (25), no plenário do Senado Federal, duras foram as críticas dos parlamentares tucanos ao encontro promovido por Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, com governadores e os prefeitos das capitais. Um senador tucano chegou a sugerir que a reunião serviu para Dilma ser fotografada ao lado daqueles com quem ela sonha em dividir o ônus de um governo incompetente e paralisado.

Candidato do PSDB à Presidência, pelo menos por enquanto, o senador Aécio Neves (MG) ocupou a tribuna do Senado para criticar sua eventual adversária na disputa de 2014. Concedendo apartes a políticos de todas as linhas ideológicas, Aécio Neves extrapolou sobremaneira o tempo regimental nos ataques que fez ao governo do PT e à presidente Dilma.

Essa artilharia decorreu do fiasco em que se transformou o encontro palaciano, mas ao que parece nem todos os tucanos tiveram a mesma impressão. Nesta quarta-feira (26), o governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, declarou que a reunião com Dilma foi proveitosa. Que Alckmin usa punhos de renda no momento em que precisa enfrentar adversários políticos todos sabem, mas é no mínimo suicídio político elogiar um encontro que serviu para nada.

Como se lhe servisse a carapuça, Geraldo Alckmin elogiou a decisão da presidente de liberar R$ 50 bilhões para a mobilidade urbana, sem que a forma como esse dinheiro chegará aos estados e municípios tivesse sido anunciada. De acordo com o governador paulista, Dilma disse que o dinheiro será disponibilizado como empréstimo e investimento federal, sem maiores detalhes.

Esse repentino “bom-mocismo” de Dilma Rousseff surge na esteira do acirramento da crise política, mas também e principalmente após uma década de irresponsabilidade por parte do governo do PT, que inviabilizou o trânsito nas grandes cidades brasileiras com o derrame de carros novos nas ruas e avenidas do País.

Apostando na demanda reprimida como ferramenta para alavancar a aprovação do partido no governo, o PT se agarrou à tese burra de que país desenvolvido é aquele em que o pobre tem automóvel próprio, quando deveria ser aquele em que o rico usa o transporte público, como acontece em muitos países desenvolvidos e que não são governados por populistas.