Contagem regressiva – O Exército egípcio deu, nesta segunda-feira (01), prazo de 48 horas para que o presidente Mohammed Morsi forneça uma resposta concreta às demandas do povo, que há dias ocupa as ruas de várias cidades do país, sobretudo do Cairo, para pedir mudanças no governo.
O ultimato, lido em rede nacional pelo general Abdel Fattah al-Sisi, chefe das Forças Armadas, não fala explicitamente em tirar Morsi do poder. Porém é a indicação mais clara, neste último ano de governo Morsi, de que os militares podem assumir novamente o poder no Egito, como fizeram após a queda de Hosni Mubarak.
“Se as demandas do povo não forem atendidas nesse período, as Forças Armadas vão anunciar um futuro roteiro e medidas para viabilizar a sua implementação”, diz o comunicado lido na TV. “Desperdiçar mais tempo levará apenas a mais divisão, contra o que nós já alertamos e continuamos a alertar.”
O ultimato torna ainda mais tensa a já complicada situação egípcia. A oposição convocou seus seguidores a permanecerem nas ruas até a queda de Morsi, dando um ultimato para que este renuncie até o fim da tarde desta terça-feira. Pelo menos 16 pessoas morreram durante os protestos do domingo (30).
Também nesta segunda-feira, quatro ministros do gabinete de Morsi apresentaram sua demissão: os responsáveis pelas pastas de Turismo, Maio Ambiente, Comunicações e Assuntos Jurídicos e parlamentares.
Na madrugada desta segunda-feira, manifestantes chegaram a ocupar e saquear a sede da Irmandade Muçulmana, já atacada durante a noite depois dos confrontos entre apoiadores e opositores de Morsi.
O Egito segue profundamente dividido. Enquanto os partidários de Morsi argumentam que ele é o primeiro presidente democraticamente eleito do país, seus adversários o acusam de só representar os interesses da Irmandade Muçulmana.
Os manifestantes dizem que Morsi e a Irmandade Muçulmana não fazem mais do que tentar se fortalecer no poder e impor, à força, princípios islâmicos à sociedade egípcia. A insatisfação é acentuada pela frágil situação econômica, que vem levando, além do aumento da violência, a racionamentos de energia, crescimento do desemprego e elevação do custo de vida. (Com agências internacionais)