Acostumado a exibições pífias nas ruas de Paris, Sérgio Cabral usa a força para desalojar manifestantes

Fiasco conhecido – A democracia brasileira corre cada vez mais riscos por conta de políticos que usam a suposta impunidade como combustível da própria existência. Adepto das fanfarrices, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB), se permite a espetáculos dançantes nas ruas de Paris, com direito a guardanapo amarrado na cabeça, mas não aceita que manifestantes acampem diante do prédio onde mora.

Na madrugada desta terça-feira (2), policiais militares retiraram um grupo de cerca de vinte jovens que desde o dia 21 de junho estava acampando na esquina da Avenida Delfim Moreira com a Rua Aristides Espínola, no Leblon, na Zona Sul carioca.

De acordo com os manifestantes, que faziam um protesto silencioso contra Cabral Filho, dez viaturas da PM chegaram ao local e, agindo com excesso de violência, os policiais quebraram as barracas em que o grupo dormia.

“Eles chegaram gritando com a gente e chutando as nossas barracas. Nós dissemos que não iríamos sair, porque eles não tinham nenhuma ordem para nos retirar do local, mas não adiantou, agiram de forma truculenta e agrediram todo mundo”, disse Vinícius Fragoso, um dos integrantes do grupo.

Os manifestantes pleiteiam um encontro com o governador fluminense, de quem querem explicações sobre a falência do Estado nas áreas da educação, saúde e segurança. Além disso, o grupo quer cobrar o fim da corrupção.

Após a operação de desocupação da área próxima à residência do governador, os policiais devolveram os pertences pessoais dos manifestantes, mas encaminharam à perícia policial as barracas, colchonetes e cartazes. É no mínimo excesso de preciosismo de uma corporação policial que continua perdendo várias batalhas para o crime organizado.

Com a aprovação do seu governo em queda livre, Sérgio Cabral Filho erra enormemente ao usar a força policial para desalojar os manifestantes. Uma das mais importantes unidades da federação, o Rio de Janeiro jamais viveu tamanho descrédito político.