Fila da degola – Pelo menos duas demissões já deveriam ter ocorrido no núcleo do governo de Dilma Vana Rousseff: a de Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, e a de Gleisi Hoffmann, chefe da Casa Civil. A presidente, quando pode, nega o que há muito deixou de ser mera especulação, mas a continuidade da crise não tem permitido que tais mudanças sejam consumadas.
Há dias, a petista Ideli ameaçou deixar o governo depois de ver sua pasta ser esvaziada, mas acabou convencida por companheiros a adiar a decisão, pois do contrário ficaria sem cargo. Ideli concorreu ao governo de Santa Catarina em 2010, mesmo sabendo de suas remotas chances. A decisão de ir para o sacrifício foi tomada com base na ideia de criar um palanque para Dilma no estado.
Já Gleisi Hoffmann, que tem aparecido constantemente ao lado de Dilma Rousseff, preferiu o silêncio enquanto aguarda uma definição sobre a continuidade no cargo. Lideranças petistas têm reclamado da fraca atuação do governo na articulação política no congresso Nacional, exigindo inclusive a saída das duas ministras.
A situação de Gleisi é menos complexa, apesar de precária, pois sua permanência no staff presidencial está diretamente ligada aos desvarios de Aloizio Mercadante, ministro da Educação que foi informalmente guindado ao status de “office-boy” da crise.
Arrogante, presunçoso e avesso ao diálogo, Mercadante é apontado como um dos principais responsáveis pelas recentes trapalhadas do governo Dilma. A convocação de uma constituinte específica, a fracassada proposta do plebiscito, a mudança casuística no currículo dos médicos e as ameaças ao Congresso, todas essas sandices, que produzem estragos políticos incontroláveis, têm a paternidade de Mercadante, que corre o sério risco de ser mandado de volta para o Ministério da Educação, de onde jamais deveria ter saído e muito menos chegado.
Analistas observam que Gleisi e Mercadante estão na alça de mira de Dilma. Gleisi por inépcia e excesso de prepotência ao lidar com os congressistas, além da falta de iniciativa para ajudar a presidente no momento em que a crise política fervilha. Por outro lado, Mercadante pode ser ceifado por excesso de criatividade. A questão que tem preocupado os palacianos mais próximos da presidente é que os projetos do ministro invariavelmente fracassam.
Não é a primeira vez que Gleisi Hoffmann salva o cargo de chefe da Casa Civil por de erros de companheiros. No final de 2012, Dilma Rousseff convenceu-se do erro cometido com a nomeação de Gleisi e estava disposta a substituí-la. O mais cotado para o cargo era Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, que tropeçou no escândalo de corrupção que ficou nacionalmente conhecido como Rosegate e teve como protagonista a namorada de Lula, Rosemary Noronha.