Ucho, O Batalhador

    (*) Marli Gonçalves –

    Todos os dias, penso, o Ucho Haddad sai da cama, calça os chinelos, mas antes de sair do quarto busca ânimo não sei onde, e deve colocar uma armadura, afiar uma lança e só depois enfrentar o mundo – o que faz há 12 anos no seu campo de batalha, o site Ucho.info. Porque vou dizer, como testemunha: todo santo dia ele, sozinho, vai atrás de notícias ou se solta em comentários e artigos que escreve contra os desmandos. O que já é muito trabalho quando se vive no país chamado Brasil. E é eclético: escreve sobre política, poder, cultura e até esportes. Escreve poesias. Alimenta ainda as redes sociais, no Facebook e no Twitter.

    Ucho é um exemplo vivo das dificuldades de exercer um jornalismo livre. Livre, livre, livre. Lindo, não? Mas a gente não vive do ar! Todo dia, todo santo dia, a batalha pela sobrevivência, para manter o site, pagar contas, se livrar dos hackers e outros percevejos que tentam invadir todas as suas comunicações e tirá-lo do ar, escutar suas conversas ao telefone.

    Não aguento mais essa gente que tanto fala “mídia independente” para lá, “mídia independente” para cá, acenando com a mãozinha e soltando a língua, elegendo como “mídia independente” justamente os que não o são, aqueles seres que repassam recados e que mais atarracados ao poder estão, recebendo dinheiro de tudo quanto é lado e que, por favor, poupe-me de citar nomes e letras, porque essezinhos gostam de processar quem os critica.

    Aqui no Ucho.info não é assim. É desgaste, inclusive da saúde. É uma vida quase espartana. Coitado do Ucho (e coitada de mim também). Ai, se não tivéssemos, por exemplo, amigos advogados!

    Mas Ucho tem amigos. Não tem dinheiro. Não tem patrocínio. Mas tem amigos. Inclusive para defendê-lo, porque vive se metendo em encrencas com as diretas que dá no queixo desses corruptos todos soltos por aí, que ficam bravos e tentam mordê-lo.

    E outra coisa: Ucho é amigo. Se passei a escrever semanalmente desde outubro de 2008 devo só a uma pessoa. Foi ele quem me instou primeiro a não parar, porque aqui no Ucho.Info eu teria meu espaço garantido, o que mantenho desde então, com centenas de leitores e ampla repercussão, e que consegui espalhar por todo o país, de Norte a Sul. Porque se você ainda não sabe, fique sabendo: esse site aqui tem muita repercussão, e muito especialmente também lá naqueles gabinetes todos de Brasília.

    Isso é jornalismo independente.

    Parabéns, Ucho! Pelos 12 anos de vida, pelo esforço, pela batalha digna.

    E, você aí que nos lê! Da próxima vez que vier aqui e ver esse pedido “O ucho.info precisa da sua colaboração para manter o jornalismo independente e continuar ajudando o Brasil”, acredite. Ajude, se puder.

    Porque a gente só sabe fazer jornalismo. Não sabe ganhar dinheiro. E de brisa ninguém aguenta em pé. Muito menos esse homenzarrão que é o Ucho Haddad, que precisa – e quer – continuar essa batalha diária que enfrenta todo dia quando sai da cama e, claro, quando consegue dormir.

    (*) Marli Gonçalves é jornalista.

    Tenho um blog, Marli Gonçalves, divertido e informante ao mesmo tempo, no http://marligo.wordpress.com. Estou no Facebook. E no Twitter @Marligo