Alça de mira – Dilma Rousseff e o PT trabalham nos bastidores para minar as bases da oposição, mas o esforço pode ser perdido, tendo como base a pesquisa do Ibope sobre a confiança dos brasileiros nas instituições. Um dos mais ativos líderes da oposição no Congresso Nacional, o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) avalia que a pesquisa confirma o alerta que os adversários do Palácio do Planalto fazem desde 2011: o governo Dilma é marcado pela má gestão, política econômica caduca e desarticulação completa.
De acordo com o levantamento, a confiança na instituição “presidente da República” despencou 21 pontos em um ano. É três vezes mais do que a perda média de confiança das 18 instituições pesquisadas. “No primeiro ano de governo de Dilma Rousseff, seu índice de confiança caiu de 69 para 60. Recuperou-se para 63 no ano seguinte, e despencou agora para 42 – uma nota “Vermelha”. Em um ano, saiu da 4ª posição no ranking para a 11ª. Nenhuma outra instituição perdeu tantas colocações em tão pouco tempo”, relata o jornal O Estado de S. Paulo, que encomendou a pesquisa.
Para Rubens Bueno, exemplos do desastre do governo do PT não faltam. “Vivemos hoje com um PIB pífio, que em 2012 cresceu apenas 0,9% e em 2013 não deve chegar a 2%, como preveem diversos analistas econômicos. Enfrentamos, agora, o pior déficit comercial da história, no valor de quase US$ 5 bilhões. É uma incompetência geral para gerir a economia. Por outro lado, temos investimentos travados e uma saúde em frangalhos. A população começa a enxergar que a fase do PT no governo, além de se esgotar, não fez bem ao país”, afirma o líder do PPS, lembrando que a pesquisa do Ibope aponta que a confiança no sistema público de saúde sofreu a terceira maior queda, de 42 para 32, e segue na 16ª posição.
A pesquisa, feita após as manifestações que levaram milhares de brasileiros às ruas a partir do mês de junho, mostra que a sociedade percebe um governo perdido. “O governo está paralisado e completamente confuso. Não sabe o que fazer e um exemplo disso são as idas e vindas, os recuos do Planalto diante de vários temas nos últimos meses. Primeiro, pressionado pelas manifestações, veio com a proposta golpista de constituinte exclusiva para a reforma política. Desistiu, mas tentou emplacar um plebiscito sobre o tema. Também recuou, pois a ideia era claramente diversionista e tinha o objetivo de jogar a insatisfação da sociedade com a gestão do governo no colo do Congresso”, aponta Rubens Bueno.
Nos setores onde o governo deveria agir com acerto e sem demora, a presidente Dilma também se atrapalha. Na área de Saúde, o Planalto recuou no programa “Mais Médicos”, que deixou de exigir dois anos adicionais na formação básica dos alunos. Também voltou atrás na portaria sobre cirurgias para troca de sexo e na campanha sobre Aids do Ministério da Saúde. “E corre o risco de recuar na redução da tarifa de energia, já que falta dinheiro para compensar as concessionárias. Especialistas da área já alertam que a conta de luz pode subir 20%. Ou seja: é mais uma peça de marketing sendo desmontada”, ressalta o parlamentar.
Congresso e partidos
Rubens Bueno reconhece, no entanto, que não é apenas o governo Dilma que está devendo para a sociedade. “O Congresso Nacional e os partidos políticos, como mostra a pesquisa, são as instituição mais mal avaliadas. O Legislativo precisa aprovar urgentemente uma reforma política; garantir mais recursos para a saúde, o que podemos fazer por meio do projeto que redistribui os royalties do petróleo; e promover uma reforma tributária. Lembro que, no caso desse último item, a presidente Dilma, em seu discurso de posse no Congresso, prometeu fazê-la e, até hoje, não cumpriu”, ressalta o parlamentar.
O processo de enfraquecimento do Congresso também é reflexo, segundo o deputado, de sua postura subalterna diante do governo. “Infelizmente, nos governos petistas, o parlamento se subalternizou. Só faz o que o Planalto quer. Com isso, o Congresso acaba votando quase que somente medidas provisórias, muitas delas verdadeiras árvores de natal para atender interesses desse ou daquele grupo aliado do governo. Ou seja, o Parlamento perdeu a iniciativa e se desgasta ainda mais por seguir apenas os ditames do governo”.
O líder do PPS também tem consciência de que apenas os pontos acima não são suficientes para melhorar a eficiência do aparelho estatal e oxigenar a política. “Precisamos de uma reforma completa da estrutura do Estado, que torne a gestão pública desburocratizada, eficiente, ágil e com maior blindagem contra a corrupção. Não há cabimento, por exemplo, termos hoje 39 ministérios para oferecer a população um péssimo serviço. Com 2014 se aproximando é hora de cada partido ouvir a sociedade e construir sua proposta para o país”, finaliza Rubens Bueno.