Longe do açougue – No próximo dia 7 de outubro entrará em vigor, em Teresina, a lei que proíbe a comercialização de carne vermelha às segundas-feiras na capital do Piauí. Apresentada recentemente, a polêmica lei não inibe o consumo do alimento na data estabelecida, mas reflete uma preocupação da prefeitura local com o consumo excessivo de carne vermelha, que, além de causar danos à saúde, também traz problemas ao meio ambiente, causados pela produção do alimento.
De autoria da vereadora Teresa Britto (PV), a lei foi sancionada pelo prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB). “A segunda sem carne tem como objetivo conscientizar a população quanto aos malefícios do consumo, é fazer a população entender que tem outras alternativas de alimentos. A carne provoca câncer e outras doenças e a pecuária é a atividade que mais emite gases do efeito estufa. É muito danoso para o meio ambiente e para a saúde humana”, justificou a criadora do projeto ao Cidade Verde, site de notícias da região.
Apesar de colaborar para a redução das emissões de carbono no município e agradar os vegetarianos e os veganos, a lei não foi bem recebida pela oposição. Em nota no site da Câmara Municipal de Teresina, o vereador Jeová Alencar (PTC) afirmou que, primeiramente, é preciso melhorar a qualidade de alimentação da população local e que, para boa parte da população, a carne é considerara um “artigo de luxo”. “Na verdade, deveria haver um projeto para que a população tenha acesso à alimentação necessária para sobreviver, incluindo a carne”, atacou Alencar.
Além da lei que estabelece a segunda-feira sem carne, a vereadora tem mais dois importantes projetos aprovados pelo prefeito recentemente: o primeiro institui um número de telefone para receber denúncias contra maus tratos aos animais, enquanto o segundo estabelece a obrigatoriedade das denúncias contra maus tratos a idosos em hospitais, clínicas e outros estabelecimentos de saúde da capital piauiense.
Eliminar o consumo de carne uma vez por semana é também a meta da campanha “Segunda sem Carne”, criada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), em parceria com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA) de São Paulo. Para aumentar o número de adeptos, a entidade fornece receitas e dicas de nutrição, além de notícias e informações sobre as implicações do vegetarianismo na sociedade.
Com tantos assuntos importantes aguardando solução, cria-se uma lei inócua que interfere no direito de escolha do cidadão. Ademais, proibir a venda de carne vermelha às segundas-feiras não significa que o consumo reduzirá na mesma proporção. Ao contrário, a venda de carne deve aumentar, pois no momento da compra o consumidor levará uma quantidade a mais por precaução. Sem contar que quem quiser comer carne vermelha na segunda-feira tem outros seis dias da semana para comprar o produto.
Se o objetivo é mostrar à população os malefícios do consumo excessivo de carne vermelha, que as autoridades se mobilizem para criar campanhas elucidativas. Não será com leis restritivas que o cidadão mudará seu hábito alimentar. (Com informações do CicloVivo)
