Planalto exige punição de diplomata brasileiro e pode extraditar o senador boliviano Roger Molina

Jogo sujo – Como antecipamos na edição desta segunda-feira (26), o diplomata Eduardo Saboia, que comandou a operação de fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil será punido. O ministro Antonio Patriota, das Relações Exteriores, está sendo pressionado pelo Palácio do Planalto para encontrar uma forma de punir Saboia, que teria desrespeitado não apenas uma determinação do próprio Itamaraty, mas também uma ordem da presidente Dilma Rousseff, que reza pela cartilha da esquerda latino-americana.

Eduardo Saboia foi chamado às pressas à capital federal, onde teve de se explicar com seus superiores hierárquicos. A pressão sofrida por Antonio Patriota é tamanha, que o diplomata que ajudou Roger Molina na fuga poderá ser afastado por questões de saúde ou colocado na chamada “geladeira” do Itamaraty. Certo é que de punição Saboia não escapará, apenas porque usou a lógica e salvou a vida de um perseguido político que estava asilado na embaixada brasileira há mais de quinze meses. O primeiro passo para eventual punição é um processo administrativo, que será precedido por investigação para apurar o ocorrido na embaixada em La Paz.

A política externa brasileira tem suas contradições. Quando Manuel Zelaya se refugiou na embaixada brasileira em Honduras, depois de entrar no país ilegalmente, o Palácio do Planalto tentou negociar uma forma de o golpista voltar ao poder. Durante as negociações, a representação diplomática brasileira transformou-se em SPA de luxo de Zelaya.

O mais interessante é que o governo brasileiro aceita a presença de agentes cubanos e representantes das Farc em território nacional, mas não causará surpresa se extraditar Roger Molina para a Bolívia, apenas para agradar o presidente cocalero Evo Morales. Sem contar que a Presidência da República ignorou a recomendação do Supremo Tribunal Federal para extraditar o terrorista italiano Cesare Battisti, por se tratar de um integrante da esquerda. Já Molina, que faz oposição a Morales, pode acabar em uma prisão da capital boliviana.