Barril de pólvora – Dois anos e meio após o início do conflito na Síria, o número de refugiados já ultrapassa a marca de dois milhões. A cifra foi divulgada nesta terça-feira (03) pela Organização das Nações Unidas, que alertam que o mundo enfrenta a maior ameaça contra a paz desde a Guerra do Vietnã.
Segundo a ONU, que classifica o conflito como uma “vergonhosa calamidade humanitária”, o número de sírios que buscaram nos países vizinhos uma área mais segura para viver cresceu dez vezes em apenas um ano. E o volume de pessoas fugindo da guerra aumentou vertiginosamente com a iminência de um ataque americano.
Testemunhas e correspondentes no país relatam que o êxodo de pessoas para países vizinhos – Turquia, Iraque, Jordânia e Líbano – disparou desde as declarações do presidente americano, Barack Obama, na semana passada, de que estaria disposto a iniciar ações militares na Síria. A ONU calcula que cerca de cinco mil pessoas deixam a Síria diariamente.
“Vários governos estão sendo generosos até agora, mas eles também enxergam que essa não é uma situação sustentável. Eles estavam preparados para uma crise de seis meses, um ano. Não estão preparados para uma crise de três anos, ou para um total esvaziamento do país em guerra”, avalia Muriel Tschopp, vice-diretor para respostas emergenciais do Comitê Internacional de Resgate.
Cem mil mortos
Comparando os dados com o ápice da crise de refugiados no Afeganistão, há duas décadas, o alto comissário da ONU para o assunto, Antonio Guterres, afirmou que a guerra da Síria tornou-se “a maior tragédia deste século”.
“O que é espantoso é o registro de um milhão de refugiados da Síria em dois anos e outro um milhão em apenas seis meses”, afirmou. Segundo ele, a ONU elaborou um plano de contingência para refugiados em caso de ataque militar dos EUA à Síria.
No pior cenário, o alto comissário vinha considerando que o número de refugiados poderia chegar a 3,5 milhões no final de 2013, mas no ritmo atual – entre 5 mil e 6 mil saídas diárias – ele acredita que a cifra pode alcançar 2,7 milhões.
Existem ainda cerca de 5 milhões de pessoas desalojadas e que necessitam de ajuda humanitária dentro das fronteiras da Síria. O número de mortos também é alto: 100 mil perderam a vida desde o início dos confrontos, em março de 2011.
Enquanto Obama enfrenta uma batalha no Congresso americano a fim de receber o sinal verde para dar início aos ataques na Síria, a movimentação da marinha militar de Israel no Mediterrâneo elevou o clima de tensão no Oriente Médio.
O Ministério da Defesa de Israel confirmou que o país realizou, juntamente com os americanos, um teste com um novo míssil no Mediterrâneo. A ação teve como objetivo testar a eficácia do sistema antimíssil. (Com agências internacionais)