Surpresa nas urnas – Como era esperado, um aliado do presidente russo Vladimir Putin (que é ex-agente da KGB) venceu a eleição para prefeito de Moscou, realizadas no domingo (8). Autoridades eleitorais o do país declararam nesta segunda-feira (9) que Serguei Sobianin, de 55 anos, foi reeleito para a prefeitura da capital russa com 51,37% dos votos.
O blogueiro e líder da oposição Alexei Navalny, de 37 anos, conseguiu obter 27,24% dos votos – quase o dobro do que era esperado. Os votos obtidos por Sobianin dispensam a realização de segundo turno, mas o coordenador da campanha eleitoral de Navalny afirmou durante a madrugada que a oposição não reconhecerá o resultado das urnas.
Navalny, que tornou-se conhecido por suas campanhas contra a corrupção na Rússia e que emergiu como líder oposicionista após uma onda de protestos anti-Putin nos últimos anos, disse que os resultados teriam sido falsificados e que os números obtidos por sua equipe eleitoral mostrariam que Sobianin não teria obtido a maioria necessária para se reeleger, destacando que ambos devem se enfrentar em segundo turno.
Além disso, a oposição garante ter testemunhas da compra de votos por parte do aliado de Vladimir Putin. Devido à forte campanha de Navalny, a eleição realizada no final de semana foi a mais disputada da última década. Para observadores independentes, a eleição valia como teste tanto para Navalny quanto para a popularidade de Putin e de seus aliados.
No total, seis candidatos concorreram à prefeitura de Moscou.
Oposição rejeita resultado
“Nós não aceitamos os resultados que estão sendo anunciados, e não desistiremos de um único voto que recebemos”, disse Alexei Navalny, segundo o qual o resultado real esperado por seus apoiadores seria de 35%.
Suas observações levantam a possibilidade de uma nova disputa eleitoral na Rússia, após a paralisação dos protestos no ano passado, quando Vladimir Putin, um antigo espião soviético que está no poder de 2000, ganhou sua terceira eleição presidencial e adotou uma linha cada vez mais dura contra os dissidentes.
“Agora está claro que a contagem de votos foi conduzida com sérias violações, então consideramos que os resultados oficiais das eleições foram deliberadamente falsificados”, afirmou o escritório de Navalny em declaração.
Da mesma forma, a organização independente Golos diz desconfiar de que Sobianin tenha obtido realmente mais de 50% dos votos no primeiro turno.
Eleições como teste
Por sua vez, o prefeito reeleito de Moscou apoiado pelo Kremlin avaliou o resultado eleitoral como uma rejeição por parte dos habitantes da capital russa a uma possível troca de poder na maior cidade europeia. “Quando se tenta transformar a cidade num campo de batalha político para uma revolução – então os moscovitas não precisam nada disso”, declarou Sobianin, acrescentando que teria feito tudo em prol de uma eleição honesta.
Apesar da derrota, o bom resultado obtido por Navalny deve servir de alerta para o Kremlin e pode incitar o enfraquecido movimento de protesto na Rússia. Para observadores independentes, Navalny obteve um resultado surpreendente e saiu fortalecido da eleição do domingo.
No restante do país, o partido de Putin, Rússia Unida, ganhou a maioria dos mais de 7 mil pleitos locais e regionais realizados no país neste domingo. Houve sinais de resistência ao partido na cidade de Yekaterimburgo, capital dos Urais e a quarta maior cidade do país. Com 33,25% dos votos, o opositor Yevgeny Roizman parece ter chances de derrotar o favorito do partido no poder, Yakov Silin, que conquistou 29%. (Com agências internacionais)