O Prejuízo pelo Descaso

(*) Lígia Fleury –

Recente estudo do Fórum Econômico Mundial aponta o Brasil na 88ª posição dentre 122 países no quesito Educação, dado que confirma a pesquisa feita pela Pearson, em 2012. De acordo com esta empresa, o Brasil estava em 39º lugar dentre 40 países pesquisados sobre a qualidade educacional.

O que é Educação?

É apenas a possibilidade de transformar o mundo. Só isso, nada mais. Por meio dela pode-se: ler e interpretar; pensar e propor soluções; mediar conflitos; idealizar projetos; realizar parceiras; ultrapassar as barreiras geográficas; comunicar-se mundialmente; desafiar o desconhecido; pesquisar novas tendências mundo afora; encontrar tratamento e cura para as doenças; prevenir catástrofes; promover a paz; possibilitar dignidade; instigar empreendedores; reduzir o índice de criminalidade; cuidar de crianças e jovens; zelar pelos idosos; conscientizar a população sobre perigos das drogas e banalização da sexualidade; alimentar-se saudavelmente; aproveitar momentos de lazer em segurança; frequentar eventos culturais; conhecer outras culturas; aumentar a longevidade e diminuir a mortalidade infantil; cuidar do corpo, da mente e da parte espiritual na busca do equilíbrio humano; proteger o meio ambiente zelando pela qualidade do ar, dos rios; produzir menos lixo; entender que reciclar é meio de vida; criar leis que permitam o convívio social; saber votar elegendo políticos que realmente trabalham pelo povo; entender que vida em sociedade exige direitos e deveres; ampliar relações comerciais; produzir debates sociais; gerir empresas; construir ruas e estradas com pavimentação segura; incentivar crescimento industrial; erradicar a miséria; evitar destruição da natureza; cuidar do aquecimento global; utilizar a capacidade de criação para ações construtivas; respeitar as diferentes etnias e religiões; acabar com preconceitos; propiciar a tolerância; aproximar os diferentes e se enriquecer das diferenças; compreender o principio da inclusão; ser leal aos valores que norteiam uma vida de respeito; produzir instrumentos para a paz e entender que armas nucleares são instrumentos de desumanização; usufruir de transportes públicos; respeitar motociclista, pedestre, ciclista; exigir que o governo cumpra suas propostas; promover a paz; confiar no semelhante; dialogar com as mais diferentes formas de se perceber o mundo; permitir que criança seja criança, que adolescente seja apenas adolescente, que adulto o seja em suas ações, que o idoso seja cuidado; usufruir da tecnologia; cuidar da própria vida; fazer escolhas; viver com perdas e ganhos; buscar superar – se; entender que desafios devem ser vividos; respeitar o espaço coletivo; valorizar a vida; evitar desperdícios; produzir reflexões para a sustentabilidade do planeta; olhar para a História do mundo e trilhar o futuro. Por meio da Educação pode-se viver, ao invés de sobreviver.

E o Brasil está sempre atrás.

Atrás: do prejuízo; da decência; da legislação incoerente; de corrigir as falas indecentes dos próprios políticos; dos prejuízos causados pela inoperância governamental; das vagas para o ensino publico de qualidade para todos; da formação profissional; do transporte publico de qualidade; do atendimento digno à saúde; da infraestrutura para a segurança publica; dos valores formativos para uma vida decente de crianças, jovens e adultos; da alfabetização do seu povo; de eleições sem trapaças; de banir a corrupção; de propiciar mão de obra qualificada; de abrir caminhos para que a tecnologia rompa barreiras; de fazer chegar a leitura aos lares mais carentes; de saciar a fome da população; de permitir lazer pelo lazer e lazer cultural para a sociedade; de pagar salários capazes de dignificar a vida; de revitalizar rios e parques; de utilizar o dinheiro pago pelos contribuintes em favor da saúde, educação e segurança; de consertar os buracos nas ruas, calçadas e estradas; de tratar o usuário das drogas; da violência; das tragédias causadas pela falta de cuidado com o meio ambiente; do descaso com a vida.

O Brasil está sempre correndo atrás. Atrás dos prejuízos.

Educação é simplesmente isso: do primeiro sopro de vida até o ultimo suspiro, tudo o que compõe essa caminhada. E o Brasil está sempre na lanterna! Dizer mais o quê?

Mais nada, apenas agir. Continuar a caminhada para que as crianças e jovens de hoje e de amanhã possam usufruir das ferramentas da vida com uma qualidade infinitamente melhor do que as que lhes são hoje surrupiadas.

Ler a notícia dessa classificação mundial não teria o mesmo efeito se encontrasse “Educação” nas notícias fúnebres. Porque, apesar do caos, o que não está morto e enterrado pode ser modificado.

Ficaria feliz em saber que milhões de brasileiros podem, em conjunto, lutar por mudanças. Lutar com armas que agregam, que unificam m país. Quais são essas amas?

Empresários oferecendo alfabetização e capacitação para sua comunidade, ONGs abrindo espaços físicos para que tenhamos prédios escolares, professores buscando a própria capacitação, transparência do governo com os investimentos em educação, saúde, transporte e segurança, comunidades envolvidas em projetos culturais, população cuidando da higiene e preservação do meio ambiente, políticos cumprindo metas de governo e abandonando a corrupção, revisão das leis, combate ao tráfico, projetos para melhor qualidade de vida e respeito aos idosos, dentre outras ações que, realizadas, enobreceriam o Brasil e colocariam nosso país entre os primeiros no escore da qualidade mundial de Educação.

É isso. Respiramos? Então é porque ainda há solução.

(*) Lígia Fleury é psicopedagoga, palestrante, assessora pedagógica educacional, colunista em jornais de Santa Catarina e autora do blog educacaolharcomligiafleury.blogspot.com.