Tatame político – Um tsunami econômico-financeiro pode ocorrer a partir da próxima semana caso o radicalismo dos republicanos prevaleça nas negociações entre a Casa Branca e o Congresso dos Estados Unidos. Com boa parte do governo federal parada por causa da não aprovação do orçamento para o novo ano fiscal, o presidente Barack Obama vem travando uma dura queda de braços com representantes do Partido Republicano na Câmara dos Deputados, refém do comportamento utópico do chamado “Tea Party”, a banda ultrarradical da legenda.
Os republicanos concordam em aprovar o orçamento federal desde que Obama aceite acabar com o projeto de reestruturação da saúde pública norte-americana, que ganhou o nome de “Obamacare”. O presidente, por sua vez, não abre mão do projeto e cobra responsabilidade dos seus adversários políticos. Exigência idêntica está sendo feita pelos radicais republicanos para aprovar a elevação do teto do endividamento do país, mas de igual modo Barack Obama dá sinais de que não cederá.
Na próxima semana, o governo norte-americano poderá conquistar o status de “default”, jargão do mercado financeiro que significa calote da dívida. Persistindo o impasse na busca de uma solução para a aprovação do orçamento federal e o aumento do teto da dívida, os EUA deixarão de pagar seus compromissos financeiros a partir dos próximos dias.
A única de forma de evitar esse calote, que provocaria um efeito cascata na economia global, é o presidente Barack Obama chamar para si a decisão sobre a elevação do teto do endividamento do governo dos EUA. Esse procedimento não está previsto na Constituição do país, mas é exatamente nesse ponto que os radicais republicanos estão apostando suas fichas. Querem que Obama decida por conta própria para, sob a alegação de ter tomado uma decisão de exceção, requerer o impeachment do atual inquilino da Casa Branca.
A possibilidade de o processo de impeachment chegar ao seu final, ejetando o presidente do cargo, é muito pequena, pois depende da aprovação dos deputados e dos senadores. Se os republicanos são maioria na Câmara, no Senado quem dá as ordens é o Partido Democrata. Mesmo assim, o impacto na economia do planeta pode ser catastrófico.